Helder Maiato, o bioquímico-coleccionador de prémios, colheu mais um

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Helder Maiato, Investigador principal do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto, é uma das estrelas mais brilhantes da Investigação Portuguesa e o seu trabalho voltou a ser reconhecido há poucos dias: venceu o prémio “Louis-Jeantet Young Investigator Career Award”. 

O prémio, atribuído pela Fundação com o mesmo nome, tem o intuito de encorajar os melhores talentos jovens na Investigação Biomédica. A Fundação atribui mais de quatro milhões de francos suíços (~ 3.7 milhões de Euros) anualmente para promover a Investigação biomédica. Em particular este prémio resultou de uma parceria com o Conselho Europeu de Investigação (ERC – http://erc.europa.eu/) , que desde 2011 premeia os jovens Investigadores que estejam envolvidos em projectos “ERC Starting Grant” e que pretende distinguir e apoiar os melhores Investigadores com um prémio monetário de cem mil francos suíços mais dez mil francos suíços, destinados especificamente para uso pessoal do vencedor.

Helder Maiato, licenciado em Bioquímica pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e fez parte do Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biologia e Medicina, o que o levou até à Universidade de Edimburgo para estudar a divisão celular e, finalmente veio a doutorar-se em Ciências Biomédicas pelo Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS). Mais tarde, cruzou o Atlântico onde realizou trabalho de pós-doutoramento em microcirurgia celular no Wadsworth Center, New York State Department of Health. Ao longo deste tempo o seu trabalho foi diversas vezes reconhecido pela atribuição de vários prémios nacionais e internacionais, como o Prémio da Sociedade Portuguesa de Genética Humana em 2004 e o prémio “Estímulo à Investigação” da Fundação Calouste Gulbenkian.

O investigador regressou a Portugal, em 2005, onde integrou o IBMC e lidera uma equipa de investigadores na área da divisão celular e aneuploidia. Líder de uma grande equipa, tem publicado nos melhores jornais científicos como: Science, Nature Cell Biology, Proceedings of the National Academy of Sciences. Em 2010, Helder Maiato conseguiu ganhar provavelmente a mais competitiva bolsa de Investigação Europeia, a ERC Starting Grant, uma bolsa atribuída pelo Conselho Europeu para a Investigação para financiar os melhores projetos e ideias de investigação europeia. No entanto, este Investigador coleccionador de prémios, conta ainda com o Prémio da Sociedade Portuguesa de Genética Humana, o prémio “Estímulo à Investigação” da Fundação Calouste Gulbenkian, o prémio Crioestaminal, e muito recentemente o FLAD Life Science 2015, entre outros reconhecimentos.

Foto: DR

A empresa portuguesa |create|it| é uma das duas finalistas nos prémios europeus SharePoint

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A empresa portuguesa |create|it| foi nomeada finalista para os prémios europeus da SharePoint na categoria “Most Innovative Cloud Solution” apenas com outra candidatura concorrente. Os dois finalistas foram seleccionados por especialistas de diferentes marcas da comunidade SharePoint e a votação final foi aberta a todos, tendo acabado no passado dia 30 de Setembro. Os vencedores serão anunciados na Conferência Europeia Sharepoint que tem lugar em Estocolmo e se realizará de 9 a 12 de Novembro.

Mas o que são os prémios SharePoint ? O SharePoint é um software dedicado a facilitar e optimizar o trabalho de equipa num ambiente empresarial, aliando opções de organização e gestão empresarial com opções ao estilo de rede social, como a partilha e a facilidade de contactar outros membros da mesma rede. Uma importante característica é o facto de ser programável, facilitando a criação de novos interfaces a qualquer programador e/ou web designer. De modo a trocarem experiências e ajudarem-se uns aos outros, os utilizadores deste software juntaram-se em comunidades nacionais um pouco por toda a Europa (a comunidade portuguesa chama-se “The Portuguese SharePoint Community (SPUGPT)” com o site http://www.sharepointpt.org/ – actualmente em construção). De modo semelhante criou-se a comunidade europeia, baseada na Irlanda cujos objectivos são os de organização da Conferência anual e a produção de conteúdos que possam ajudar a comunidade de usuários.

A |create|it| foi criada em 2001 por um conjunto de pessoas com experiência profissional comprovada e know-how em áreas como Desenvolvimento Web, Integração de Sistemas, Gestão de Projetos e Usabilidade, tal como se pode ler no seu site:

Hoje em dia faz uso das mais recentes tecnologias da Microsoft, projeta e desenvolve projetos em áreas como Portais e Colaboração, Desenvolvimento Web e Integração de Sistemas. A sua carteira de clientes encontra-se em vários ramos de actividade como: as Telecomunicações, o Sector Financeiro, a Indústria, Distribuição, o Sector do Turismo e o Sector Público.  Foi precisamente com um trabalho feito para o Sector do Turismo, em particular para o Grupo Pestana, que se apresentaram neste concurso e que já lhes valeu um lugar no pódio desta competição. Para este projecto quiseram responder ao repto lançado pelo Grupo Pestana de “criar o melhor e mais inovador site de uma cadeia de hotéis”, onde usaram o software SharePoint e a plataforma Azure, ambos da Microsoft. O resultado pode ser apreciado aqui: http://www.pestana.com/pt.

Foto: DR

Portugal continua a colher milhões para a Investigação nos Projectos Europeus

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No passado dia 17 de Setembro, o Ministério da Educação e Ciência noticiou os resultados alcançados, até essa data, no programa de financiamento europeu Horizonte 2020.   Este programa dedicado à investigação e desenvolvimento regista já um total de cerca de 4000 projectos aprovados. Pode ler-se no site do Ministério que “com cerca de um terço dos concursos apurados, o primeiro balanço dá conta de uma captação na ordem dos 59 milhões de euros para entidades portuguesas, relativos a 107 contratos, 27 coordenações e 157 participantes.

O sistema científico alcança assim, pelo segundo ano consecutivo, resultados inéditos em termos de captação de fundos em concursos europeus competitivos.”. De facto, no ano passado Portugal captou cerca de 146 milhões de euros, tendo conseguido, pela primeira vez, captar mais financiamento do que aquele que investiu para o mesmo programa.

Se considerarmos a mesma taxa de sucesso nos restantes dois terços dos projectos que ainda estão por avaliar, Portugal pode assim conseguir captar um total de 180 milhões neste ano, aumentando assim em cerca de 20% relativamente ao ano passado. Como se pode comprovar pelo documento fornecido pelo Ministério: A taxa de sucesso em 2014 das candidaturas de projectos portugueses foi de 113,95% (306 aprovados num total de 2194 candidaturas), ligeiramente superior à média europeia de 13,78%. Este ano, a taxa situa-se nos 8,84% (107 aprovados de 1211 candidaturas) novamente ligeiramente superior à média europeia de 8,67%. No entanto, de relembrar que apenas um terço dos projectos foi avaliado até agora.

Das candidaturas efectuadas, o Ensino Superior e os Centros de Investigação foram os que mais candidaturas apresentaram 57 num total de 157 (36%) seguidos das Pequenas e Médias Empresas (18%) e das Grandes Empresas (15%), mantendo-se aproximadamente as mesmas percentagens apresentadas no ano passado.

Das 27 coordenações de projectos, 11 provêm do sub-programa “Twinning”, que tal como se pode ler no site da comissão europeia é um instrumento da para cooperação institucional entre estados-membros da União Europeia e o que chama de países-beneficiários – que não precisam de pertencer à União Europeia e onde é dada preferência aos países vizinhos da União como: Argélia, Egipto, Israel, Jordânia, Líbano, Marrocos e Tunísia.

 

Fonte: Ministério da Educação e Ciência

Miguel Miranda – Físico português pelo Mundo (a ganhar prémios!)

ultrafast2Foi no passado mês de Agosto, entre os dias dezasseis e vinte um, que decorreu a Conferência de Óptica Ultra-rápida na cidade chinesa Huairou, onde o Físico português Miguel Miranda foi premiado com o título de Melhor Investigador Jovem. Nesta conferência, que contou com mais de 100 palestrantes, o Dr. Miguel Miranda apresentou o seu trabalho intitulado “Generation and spatiotemporal characterization of ultrashort vortex pulses” (Geração e caracterização espaço-temporal de pulsos-vórtice ultra curtos), que lhe valeu a conquista deste prémio.

Como o físico explica no resumo do seu trabalho, a caracterização mencionada no título consistiu na introdução de uma nova técnica baseada na espectrometria das transformadas de Fourier resolvidas espacialmente. Esta é uma nova técnica para a análise de pulsos de laser muito curtos (da ordem dos femtosegundos, ou seja 0.000000000000001 segundos – caso se tenha perdido são 15 zeros).

Miguel Miranda já tinha tido o seu trabalho destacado no ano passado no Jornal científico “Laser Physics Letters”, com a publicação da qual é co-autor, “Compression of CEP-stable multi-mJ laser pulses down to 4 fs in long hollow fibers”. Este artigo foi considerado como um dos três mais influentes de 2014 na área de Óptica Não-Linear, pelos editores deste importante jornal. O Físico português já tinha realizado a sua tese de doutoramento na área de lasers ultra-rápidos, no Instituto de Física dos Materiais da Universidade do Porto (IFIMUP) da Faculdade de Ciências da Universisdade do Porto (FCUP), com o título “Sources and diagnostics for Attosecond Science” (Fontes e Diagnósticos para a Ciência dos Atosegundos) em 2012. Inclusivamente, a sua tese veio a servir como base para o primeiro produto de uma das mais jovens startups portuguesas na área dos Lasers, a Sphere Ultrafast Photonics– possivelmente a única empresa portuguesa dedicada à Óptica Ultra-rápida (http://www.sphere-photonics.com/about-us). Esta empresa, que resultou de uma colaboração entre a UP e a Universidade de Lund (Suécia) nasceu em 2013 e conta já com dois produtos, tendo tido um crescimento assinalável.

Actualmente, Miguel Miranda encontra-se a realizar o seu Pós-Doutoramento na Universidade de Lund, desde 2013. É assim, mais um Físico pelo Mundo, a demonstrar excelência Mundial na sua área e a deixar a Ciência Portuguesa orgulhosa.

Fotos: DR

Daniel Silva – Físico português pelo Mundo (a ganhar prémios!)

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O jovem físico português Daniel José da Silva ganhou mais um prémio (depois de ganhar o prémio Corbett, em Bolonha, 2013), desta vez atribuído pela conceituada editora científica Elsevier BV na 22ª conferência internacional de Análise de Feixes Iónicos – IBA 2015 – que decorreu no passado mês de Junho na cidade de Opatija na Croácia. O Físico português ganhou o prémio de “Melhor artigo escrito por um jovem cientista” nesta conceituada conferência que contou com a participação activa de mais de 60 palestrantes.

Daniel_SilvaO trabalho deste Físico promissor intitulava-se “Drawing the geometry of 3d transition metal-boron pairs in silicon from electron emission channeling experiments” e resultou de uma colaboração entre o seu instituto actual – o grupo de Física Nuclear do Estado Sólido da Universidade Católica de Leuven, que aliás já tinha publicado orgulhosamente esta notícia, o anterior grupo do Daniel, o IFIMUP-IN da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e ainda os centros: Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares do Instituto Superior Técnico e o Centro de Física Nuclear da Universidade de Lisboa.

O trabalho premiado foi dedicado ao estudo do Silício puro, que foi e continua a ser uma material-basilar para o desenvolvimento da micro-electrónica, e portanto de praticamente todos os materiais electrónicos com que vivemos hoje em dia. Tal como o Daniel e seus colegas explicam no seu trabalho, durante a produção de Silício é normal que outros elementos, em particular os chamados elementos de transição, se introduzam no Silício, contaminando-o e provocando alterações às propriedades fundamentais do Silício, comprometendo assim a a performance de um conjunto variado de dispositivos, mas com particulares efeitos nefastos nas células fotovoltaicas.

Tal como os autores referem existem técnicas que permitem minimizar estes contaminantes, como o chamado processo de “gettering”, onde camadas de átomos de Boro são introduzidas, uma vez que os átomos de Boro gostam de formar ligações químicas com estes contaminantes “aprisionando-os” na sua camada. Esta técnica já é aplicada há muitos anos, no entanto não são conhecidos com detalhe as geometrias destas ligações químicas. Foi este problema que o Daniel e sua equipa tentaram resolver, aplicando uma técnica de sonda local para um Silício com estes contaminantes, ficando assim a conhecer melhor qual a geometria atómica destas ligações.

 

Fotos: DR

Próxima secretária-geral da União Astronómica Internacional será a Portuguesa e Professora Catedrática, Teresa Lago

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A Professora catedrática da Universidade do Porto, foi nomeada eleita para o cargo de secretária-geral da União Internacional de Astronomia (IAU), para um mandato de três anos, de 2018 a 2021. A sua eleição decorreu durante a última assembleia-geral desta organização mundial que ocorreu no dia 15 de Agosto no Hawai, Estados Unidos, tal como noticiado pelo Público e pelo site da IAU. A Professora Teresa Lago terá a companhia da holandesa, Ewine van Dishoeck que assumirá o cargo de Presidente, sucedendo assim à mexicana Silvia Torres-Peimbert e ao italiano Piero Benvenuti no conselho desta Organização.

Desta reunião surgiu uma outra novidade para Portugal. Assinaram-se acordos para a criação de cinco novos centros de educação para a astronomia, sendo que um deles ficará em Portugal e dedicar-se-á à divulgação científica na área da astronomia na língua portuguesa, em todos os países lusófonos. O futuro Centro da Língua Portuguesa será acolhido pelo Núcleo Interactivo de Astronomia (Nuclio), em colaboração com o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

A IAU foi fundada em 1919 e a sua missão é a de promover e salvaguardar a Astronomia como Ciência através da cooperação internacional. É composta por um grande conjunto de investigadores (11 265, mais especificamente,), na sua maioria doutorados, que desempenham um papel activo na investigação e na educação da Astronomia um pouco por todo o Mundo (96 países representados). A principal actividade da IAU prende-se com a organização de conferências científicas, patrocinando 9 conferências internacionais por ano. Para além desta nobre actividade, a IAU é também responsável pela definição das constantes fundamentais, da nomenclatura e desempenha um papel de consultoria na instalação de grandes projectos internacionais na área da Astronomia. Adicionalmente, é a IAU que certifica e reconhece o nome dos corpos celestiais, como os planetas, estrelas, cometas, etc..

Em entrevista ao jornal Público, a Professora Teresa Lago reagiu dizendo “Fiquei contente e surpreendida também” (…) “Não há muitas mulheres que tenham ocupado este lugar. Que me lembre, houve apenas uma secretária-geral, Jacqueline Bergeron. Sendo nós de um país muito pequeno e sendo este um convite pessoal, fiquei satisfeita.”

A Professora, M. Teresa V. T. Lago é Professora Catedrática (Astronomia) da Universidade do Porto, Faculdade de Ciências. Licenciou-se na Universidade do Porto (1971), obteve o “Master of Science” (1975) e o Ph.D (1979) em Astronomia na Universidade de Sussex (U.K.). Foi responsável pela criação na Universidade do Porto de: Licenciatura em Astronomia (1983) e pelo European Interuniversity Masters Degree (1994-1998) que envolveu seis universidades europeias, Programa Doutoral em Astronomia (2003-2010). Fundou o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP)(1988) que dirigiu durante 18 anos. Elaborou a proposta de criação do Planetário do Porto/CAUP (1996), uma parceria entre a Universidade do Porto, a Câmara Municipal do Porto e o Ministério da Ciência e Tecnologia. Coordenou o Conselho Científico Nacional das “Ciências da Terra e do Espaço” (FCT) (2004-05). É “Associate” da Royal Astronomical Society (1990). Sendo que também já desempenhou funções administrativas fora do campo da Astronomia, como quando foi Presidente da Sociedade “Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura”.

Foto: Museu da Ciência da Universidade de Coimbra

Sociedade Americana de Física premeia o trabalho do Físico Português Nuno Loureiro

 

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Aconteceu já no final de Junho, mas nunca é demais sublinhar o feito do Físico Português Nuno Loureiro, investigador do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Técnico: foi o vencedor do Prémio Thomas E. Stix para jovens cientistas na área da Física de Plasmas.  É sempre um orgulho, abrirmos o site da conceituada Sociedade Americana de Física (APS) – provavelmente a maior das Sociedades de Física e a responsável pela edição dos jornais com maior factor de impacto neste ramo das ciências naturais – e vermos esta notícia com a fotografia do Nuno Loureiro.

Tal como está descrito nesta página este prémio, com o nome do físico americano pioneiro do estudo da Física dos Plasmas nos anos 1960s, pretende distinguir os jovens Físicos (Físicos que terminaram o seu doutoramento há menos de dez anos) que, com o seu trabalho de investigação contribuíram para avanços significativos na área da física dos Plasmas – quer com trabalho teórico, experimental, ou dedicado a aparelhagem científica. O Prémio consiste num certificado e em 2000 dólares para o premiado e será entregue Divisão de Física dos Plasmas da APS a realizar em Novembro deste ano.

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Nuno Loureiro, terminou o seu pós-doutoramento na conceituada Universidade de Princeton, e no Centro para a Energia de Fusão de Culham, no Reino Unido, regressou a Portugal em 2008 para integrar o Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear no Instituto Superior Técnico, como se pode ler no jornal Público.

O seu trabalho tem-se focado no fenómeno de reconexão magnética. Dá-se este nome ao fenómeno de relaxação do campo magnético de um plasma (um estado de matéria, tal como o estado sólido, líquido e gasoso) quando este é sujeito a grandes tensões eléctricas – fenómeno análogo à relaxação elástica de um material (por exemplo uma borracha) quando sobre ela são aplicadas tensões mecânicas. Tal como numa borracha, que aquece liberta calor, aquecendo, neste processo de relaxação, também os plasmas libertam grandes quantidades de energia nestes processos podendo gerar explosões – como as que acontecem no Sol (onde existe muita matéria neste estado de plasma).

Fotos: DR

 

 

WETFEET – o grande projecto para revitalizar a energia das ondas

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WETFEET (“pés molhados”) é o nome do projecto europeu recentemente aprovado pelo programa Horizonte 2020 dedicado à energia das ondas. O projecto com orçamento global de aproximadamente 3,5 milhões de euros, é coordenado pela associação portuguesa sem fins lucrativos, o WavEC, Offshore Renewables.

O projecto terá a duração de três anos em que procurará identificar as causas do atraso do progresso da tecnologia da energia das ondas e posteriormente propor soluções viáveis para melhorar o desempenho geral de novas tecnologias, tal como se pode ler no site do projecto  e como foi noticiado pelo Jornal da  Economia do Mar.

O consórcio é composto por cinco Instituições de Ensino (Universidade de Linz na Áustria, Scuola Superiore di Studi Universitari e di Perfezionamento Sant’Anna em Itália, a Universidade de Edinburgh e a Universidade de Plymouth, no Reino Unido, e ainda o Instituto Superior Técnico, em Lisboa) e cinco empresas (INNOSEA em França, SELMAR SRL em Itália, Teamwork Technology BV, Trelleborg Ridderkerk BV na Holanda, Aurora Ventures Limited do Reino Unido e ainda a EDP Inovação S.A. Com o seu profundo conhecimento do sector, o consórcio avaliará questões como a fiabilidade dos componentes tecnológicos, a capacidade de sobrevivência dos dispositivos, os custos elevados de desenvolvimento, o moroso processo para a comercialização, bem como a escalabilidade industrial das tecnologias testadas. Uma vez identificados os problemas, o consórcio pretende desenvolver inovações tecnológicas para os solucionar, baseando-se sobretudo em dois conceitos de energia das ondas, a Coluna de Água Oscilante e o Symphony.

O WavEC conta já com uma Central de 400 kW no Pico, nos Açores que faz uso da tecnologia da Coluna de Água Oscilante, que fornece experiência de campo e actividades de monitorização importantes para a equipa do WavEC e investigadores convidados. Este projecto vem enquadrar-se na missão do WavEC  – desenvolver a energia renovável offshore através da transferência de conhecimento, disseminação e inovação.  O WavEC, Offshore Renewables é uma associação privada sem fins lucrativos, criada em 2003 para desenvolver a sua actividade segundo três eixos: a investigação aplicada, a consultoria e actividades pró-bono, nomeadamente a disseminação e promoção das oportunidades associadas ao desenvolvimento precoce da energia renovável marinha no País, junto de empresas, administração pública e público em geral e também a formação de jovens no âmbito de estágios curriculares e formação avançada, incluindo teses de mestrado e doutoramento.

A WavEC presta serviços de consultadoria nas seguintes cinco áreas temáticas: Monitorização e Tecnologia, Modelação Numérica, Economia e Indústria, Ambiente Marinho e Políticas Públicas.

 

Foto: http://khongthe.com

 

 

 

 

Entrevista a João Azevedo – Ciência, engenharia aplicada e evolução da energia solar

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Fomos conversar com João Azevedo, aluno de doutoramento da Faculdade de Ciências da U. Porto (FCUP) em simultâneo com a Faculdade de Engenharia também da U. Porto (FEUP). Conversámos sobre o último trabalho publicado no reputado jornal “Energy & Environmental Science”, sobre como é trabalhar entre a ciência fundamental e a engenharia aplicada e sobre a evolução da energia solar.

 

Olá João, podes contar-nos um pouco da tua história recente. Estás atualmente a realizar o doutoramento, qual é o teu tema?

O meu doutoramento é focado no armazenamento de energia solar na forma de combustíveis eletroquímicos. Neste tópico, eu tenho vindo a trabalhar em duas abordagens diferentes: por um lado o desenvolvimento de materiais nanoestruturados que consigam converter energia solar em energia química (na forma de hidrogénio gasoso) de forma eficaz e estável, como por exemplo óxido de ferro e óxido de cobre; por outro tenho vindo a procurar novos combustíveis eletroquímicos que consigam armazenar energia solar na forma líquida por forma a contornar um grande obstáculo do hidrogénio, que é o seu armazenamento.   

No teu último trabalho publicado no jornal “Energy & Environmental Science”, tu e a tua equipa investigaram sobre a importância de um material óxido para a conversão a energia solar em energia química. Podes explicar-nos brevemente como ocorre esta conversão de energias? E qual a importância no contexto do armazenamento da energia solar?

Atualmente existe uma grande procura de novas formas eficientes e limpas de armazenar energia solar, dado esta fonte renovável apesar de muito abundante ser intermitente, ou seja, não existe nos períodos da noite e é mais escassa em dias encobertos. Assim sendo, o seu armazenamento pode facilmente torná-la na fonte predominante de energia. Hoje existem várias formas de armazenar energia solar mas uma das mais atrativas é na forma de combustíveis eletroquímicos.

Basicamente, utilizo um semicondutor (material óxido) que absorve luz solar e a converte em electrões. Estes electrões por sua vez estão envolvidos em reações químicas (de redução/oxidação) quando o semicondutor está em contacto com um determinado líquido que contém iões (eletrólito) fazendo com que esses iões adquiram ou percam alguns electrões. Assim é possível transferir energia solar para o electrólito que não é nada mais que um combustível eletroquímico. Finalmente, quando precisamos da energia de volta podemos simplesmente inverter a reação e reavemos a energia química armazenada na forma de eletricidade. Esta abordagem é hoje muito investigada para a produção de hidrogénio a partir de água pois esta quando sofre reações de redução/oxidação separa-se em hidrogénio e oxigénio, processo chamado de hidrólise. Este processo tem já demonstrado excelentes resultados e é hoje muito promissora.

Imagino que este trabalho tenha resultado de um longo processo – quanto tempo aproximadamente estimas que tenha demorado? E quantas pessoas estiveram envolvidas?

Este trabalho resultou de um esforço conjunto de três grupos de investigação e foi realizado durante o meu estágio na EPFL, no laboratório LPI, na Suíça. O trabalho experimental foi realizado ao longo de cerca de 5 meses e tem depois um trabalho de escrita que não te sei precisar quanto tempo demorou. Deste trabalho resultou um artigo com 9 autores, distribuídos pelas três instituições (LPI, IFIMUP-IN e LEPABE).

O que mais gostavas de destacar deste trabalho?

O material que estudei neste trabalho é um dos mais conhecidos na área de produção de hidrogénio solar – Cu2O. O Cu2O produz correntes elevadas em comparação com outros óxidos mas tem uma grande desvantagem – é instável e deteriora-se ao final de poucas horas. Durante a minha estadia na Suíça, realizamos um outro trabalho que resultou num tempo de estabilidade de cerca de 8 horas e foi alcançado pela proteção deste material com camadas mais estáveis. Neste trabalho, demonstrei que utilizando um simples tratamento térmico conseguimos aumentar essa estabilidade para mais de 55 horas. Embora ainda seja pouco para fazer um dispositivo comercial, permitiu ver que é possível aumentar muito a estabilidade e apontou-nos numa direção para futuras melhorias. Neste momento já conseguimos dobrar a estabilidade deste material e estamos em fase de submeter um novo trabalho com os esses resultados.

Encontras-te a fazer o doutoramento “a meias” entre a FCUP (no grupo IFIMUP-IN) e na FEUP (no grupo LEPABE). Como descreverias a tua experiência? Sentes que são dois mundos diferentes? Como caracterizas cada um?

Este muito satisfeito com esta experiência. Ambos os grupos têm excelente qualidade e estou certo que não teria alcançado tanto se não tivesse beneficiado do conhecimento de ambos os grupos. No IFIMUP-IN existe um profundo conhecimento de fabrico e caracterização de materiais nanoestruturados. Este grupo tem um passado muito forte em dispositivos magnéticos e tem agora dado os seus primeiros passos, mas firmes, na área de produção de energia. Foi neste grupo, sob a orientação do Prof. João Araújo e da Doutora Célia Sousa, que consegui adquirir as ferramentas necessárias para preparar todos os materiais que utilizei ao longo do meu doutoramento. No LEPABE existe um grupo de excelência na área de produção de energia solar e este grupo tem tido grande destaque internacional pela produção de células solares utilizando tecnologias inovadoras que permitem obter resultados muito melhores que qualquer concorrência. Foi aqui que, sob a orientação do Prof. Adélio Mendes, aprendi todos os fundamentos de células fotoeletroquímicas que são a base do meu trabalho e é onde transformo os meus materiais em dispositivos.  

Depois do projeto European Research Council (ERC) ganho em 2012 pelo grupo do Professor Adélio Mendes, seguiu-se a venda da patente (partilhada com a EFACEC) das novas células solares de perovskites por 5 milhões já este ano. A somar a estas, têm-nos chegado mais boas notícias. Estes são tempos excitantes para a energia solar em Portugal?

Sem dúvida. O nosso país tem muito potencial para a produção de energia solar e são as novas tecnologias desenvolvidas por grupos de investigação que vão conseguir que Portugal rentabilize este recurso. Embora a situação atual do país não proporcione grandes incentivos à investigação, penso que o trabalho que está a ser feito a nível nacional é impressionante, o que só revela o mérito dos investigadores portugueses.

A energia solar tem tido um crescimento impressionante. Do relatório publicado pela BBC Energy (r)evolution, estima-se que a energia solar seja a fonte energética dominante em 2050 e que o seu preço baixe para metade nesta próxima década. Como imaginas o futuro da energia solar? Quais julgas que serão as próximas grandes revoluções nesta área?

Não tenho grandes dúvidas que no futuro teremos uma produção de energia solar muito mais abundante. Tenho presenciado em primeira mão grandes avanços na área de painéis fotovoltaicos no grupo do LEPABE e penso que num futuro breve vamos começar a ver estas tecnologias a servirem-nos diariamente. Penso que o que nos limita atualmente é o armazenamento da energia produzida. Uma patente recente baseada num conceito desenvolvido pelo Prof. Adélio Mendes sobre baterias solares, sobre a qual tenho vindo a dedicar parte do meu doutoramento, poderá fazer a diferença nesta área e dar o passo final para implementação de produção solar em grande escala.

E como comparas (a evolução solar) com a evolução das outras energias renováveis?

No futuro imaginas que chegaremos a um sistema misto com diferentes fontes e a micro-geração de energia, como recentemente sugeriu Elon Musk da Tesla?

Honestamente, não sei fundamentar a evolução de outras energias renováveis da mesma forma que o sei fazer para a energia solar. Penso que todas são necessárias mas a energia solar tem uma vantagem evidente em relação às restantes que é a produção local – enquanto que, por exemplo, a energia hídrica é maioritariamente produzida em barragens e não o conseguimos fazer no meio de uma cidade. No entanto concordo que o futuro passará por utilizar todos os recursos renováveis ao nosso dispor.

E o teu futuro, o que gostavas de fazer depois de terminar o doutoramento?

Tal como disseste, estes são tempos excitantes para a energia solar em Portugal. Por isso gostaria de dedicar mais algum tempo a investigação de novas tecnologias de produção e armazenamento de energia solar. No entanto, tenho noção que a investigação em Portugal está a atravessar uma fase difícil e conseguir fundos para o fazer é atualmente uma tarefa árdua.

 

Fotos: DR

 

O Porto foi a capital mundial da Matemática por três dias!

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Todos os anos a Sociedade Americana de Matemática colabora com uma sociedade de um outro país com o objectivo de organizar uma conferência com o objectivo de juntar o maior número de membros da comunidade Matemática de todo o Mundo. Assim, este ano, a Sociedade Americana de Matemática associou-se simultaneamente à Sociedade Europeia de Matemática e à Sociedade Portuguesa de Matemática, para em colaboração organizarem esta conferência anual no Porto, que decorreu entre os passados dias 10 e 13 de Junho.

 

A conferência juntou mais de 1000 matemáticos de todo o Mundo, que trabalham nas  mais recentes teorias e avanços no desenvolvimento da Matemática e da sua aplicação a outras  áreas científicas como a Astronomia e a Economia, passando pela Engenharia, pela Medicina ou pela Biologia. A conferência foi dividida por sessões temáticas, dedicadas a cada um dos temas, e sessões plenárias cujo interesse se julga mais abrangente e que decorreram na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e no Seminário de Vilar, respectivamente. Entre os oradores das sessões plenárias, a mais particular ocorreu no dia 10 de Junho na Casa da Música. O Professor Marcus du Sautoy da Universidade de Oxford dissertou sobre os “Os matemáticos secretos”. O autor de três livros e apresentador de numerosos programas de rádio e televisão que já foi galardoado pela Real Society´s Faraday Prize, falou sobre a presença da Matemática e de “matemáticos” em várias áreas, como a Música. Seguiu-se um concerto da Orquestra Clássica da FEUP, dirigida pelo maestro José Eduardo Gomes.

A conferência teve ainda a oportunidade de apoiar uma causa social, sendo a Associação MIACIS – Animal Protection and Integration a escolhida que tem feito um trabalho notável no controlo da reprodução de animais através de esterilização e um programa assente em recolher, cuidar e desenvolver ao ambiente os animais tratados.