6 em 1: Portugal e últimos reconhecimentos internacionais no turismo

Com certeza que já todos repararam que Portugal tem (finalmente) vindo a ganhar destaque internacional no setor do turismo – as notícias de pequenos e grandes reconhecimentos e prémios têm sido semanais nos últimos meses. Já não é só o Algarve a ser utilizado como férias de praia relativamente baratas para os países nórdicos, este reconhecimento percorre Portugal inteiro de norte a sul.

Assim, decidi deixar-vos com uma pequena seleção que fiz de notícias que a Revista PORT.COM partilhou no último mês. São seis pequenos e grandes reconhecimentos internacionais, uns englobam o país como um todo, uns enaltecem a nossa maravilhosa capital, Lisboa, outros focam a atenção no Porto, que está cada vez mais na moda, ou in como se costuma agora dizer, e outros ainda fogem a estes grandes dois polos e procuram trazer para a ribalta cidades do interior e jardins que valem a pena visitar.

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“Americanos elegem Portugal como o melhor país da Europa” para viajar e fazer turismo. Os leitores e utentes do jornal “USA today” e o portal de viagens “10Best” votaram e colocaram Portugal no topo deste ranking! À frente de Itália, o país mais icónico em termos de cultura mas também de sol e praias, isto é realmente extraordinário! Segundo o jornal norte-americano, este reconhecimento deve-se ao “vasto leque de oportunidades para os viajantes: aldeias charmosas, comida fantástica, música regional fascinante, descobertas culturais, uma costa belíssima e até surf de classe mundial”. Como curiosidade deixo aqui o artigo original e a classificação final do Top 10 do melhor país da Europa para visitar:

1. Portugal   2. Itália   3. Áustria   4. Alemanha   5. Inglaterra   6.Espanha   7. Irlanda   8. França           9. Islândia   10. Suíça

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“Lisboa é considerada a nova capital da cultura” segundo o cronista norte-americano Eric Macklin do site de notícias “Elevated Today”. Este conta como só recentemente descobriu as maravilhas de Portugal (aliás, abre o artigo com um pedido de desculpas a nós portugueses, que depois de lermos o artigo rapidamente aceitamos o pedido), menciona a riqueza em “autenticidade” dos cafés e restaurantes das ruas da capital lisboeta, destaca a cena musical lisboeta que “está a florescer” ao conjugar, por exemplo, DJ’s e fadistas, e pressiona o fator preço, uma grande mais valia. Macklin garante que “Se Hemingway escrevesse na atualidade, não estaria a escrever em Paris, em Berlim ou em Madrid. Estaria a escrever em Lisboa.”
Deixo o desafio aos leitores de lerem o artigo original, em inglês. É muito interessante mergulhar no ponto de vista de um estrangeiro que chega ao nosso país com um desconhecimento abismal em relação a tudo o que é português – as únicas luzes que tinha sobre o nosso país deviam-se à crise dos últimos anos. E este é, creio eu, o panorama geral. É mesmo fascinante ver a forma como este cronista escolhe as palavras para tentar descrever o que viu e viveu em Lisboa. Podem aceder ao artigo aqui.

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“Porto está entre as 10 melhores cidades da Europa para fazer uma escapadinha alternativa” segundo o famoso jornal inglês, o “Guardian”. O artigo começa com uma breve comparação entre Porto e Lisboa: embora a capital ganhe no “party vibe”, o Porto partilha do “faded charm and buzzing creative scene” (achei por bem deixar as expressões originais). A Rua de Miguel Bombarda surge destacada como centro artístico da cidade e as alternativas visitas guiadas por um grupo de jovens arquitetos surgem louvadas. E pensar que muitos lisboetas (e não só, claro está) nunca foram a esta maravilhosa cidade portuguesa…fica a dica! E também como curiosidade fica aqui a lista das restantes nove cidades que compõem a lista: Gante (Bélgica), Lyon (França), Leipzig (Alemanha), Belgrado (Sérvia), Segóvia (Espanha), Linz (Áustria), Roterdão (Holanda), Turim (Itália) e Gotemburgo (Suécia). Aqui podem consultar o artigo no original.

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“Lisboa e Porto entre os nomeados para Melhor Destino Turístico Europeu” nos World Travel Awards, os “óscares” do turismo. Não vale a pena dizer mais nada…os resultados serão revelados a 9 de setembro, na Sardenha.

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“Cinco jardins portugueses entre os melhores do mundo”. O livro “The Gardener’s Garden” da editora Phaidon apresenta uma seleção de 250 jardins entre os mais notáveis de todo o mundo. Os vencedores portugueses são: o Parque de Serralves (no Porto), a Quinta da Regaleira (em Sintra), o Jardim do Palácio dos Marqueses de Fronteira (em Lisboa), o Parque Terra Nostra (nos Açores), e a Quinta do Palheiro (na Madeira). São para colocar já numa check-list!

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“CNN revela o Centro de Portugal misteriosamente ignorado”. Para terminar, é interessante referir que o jornalista freelancer, Paul Ames, se “indignou” com a falta de atenção dada às restantes cidades portuguesas. Das praias às serras, de cidades a aldeias, do leitão ao ensopado de enguias de Aveiro… O artigo está super rico e interessante, mais uma abordagem sobre o nosso país vista de fora que vale a pena ler aqui.

Depois de ler isto, não sente até um arderzinho no coração de orgulho nacional, não?

 

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Universidades portuguesas reconhecidas entre as melhores do mundo

Universidade NovaSeis universidades nacionais destacaram-se com nota máxima nos rankings do U-Multirank 2015: Aveiro, Coimbra, Lisboa, Minho, Nova de Lisboa e Porto

A segunda edição do ranking global U-Multirank foi recentemente divulgada e estas seis universidades obtiveram nota máxima – 10 valores – estando bem posicionadas comparativamente com as 1200 instituições de ensino superior de 85 países diferentes que este estudo engloba.
O U-Multirank é um estudo compilado e financiado pela Comissão Europeia no montante de 2 milhões de euros e o seu sistema de classificação é inovador, pois permite classificações multidimensionais, baseadas numa gama muito mais alargada de fatores do que as outras classificações internacionais.
Segundo a página da Comissão Europeia em Portugal, “A ideia é evitar classificações simplistas que possam originar confusões nas comparações entre as instituições de diferentes tipos ou esconder diferenças significativas ao nível da qualidade dos cursos da mesma Universidade”. Assim, em http://www.u-multirank.eu o utilizador tem a possibilidade de construir uma classificação personalizada baseada nas suas necessidades específicas.
A ferramenta de análise comparativa do desempenho das instituições baseia-se em 31 indicadores, organizados em 5 grupos distintos: ensino e aprendizagem, investigação, transferência de conhecimento, orientação internacional e envolvimento regional. Os autores salientam que cada instituição pode apostar em áreas de especialização diferentes, pelo que não pretendem fazer um “ranking das melhores do mundo”.
De acordo com a análise divulgada, no geral as seis universidades nacionais destacam-se sobretudo na investigação, enquanto falham na transferência de conhecimento e no ensino/aprendizagem.
Um especial destaque para a Universidade Nova de Lisboa (na imagem do topo encontra-se a Faculdade de Economia), que para além de ser a minha universidade, é a universidade portuguesa com maior número de pontuações máximas, com 13 critérios classificados na categoria A.

Apesar de o ensino superior português ainda ter muito que trilhar, é muito positivo este reconhecimento internacional por um novo estudo que tem sido bastante bem acolhido pela comunidade académica. Parabéns às Universidades!

Universidade Lisboa

Universidade de Lisboa

Universidade Minho

Universidade do Minho

Universidade Coimbra

Universidade de Coimbra

Universidade Aveiro

Universidade de Aveiro

Universidade Porto

Universidade do Porto

 

Águas de Portugal vence prémio internacional de inovação

ADP

A AdP desenvolveu um projeto designado por Redes Neuronais Artificiais, baseado em modelos inspirados no funcionamento do cérebro humano, que procura aumentar a produção de energia em Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Este projeto mereceu um prémio de inovação em Istambul na área da água e energia.

Os WEX Global Awards são atribuídos anualmente no âmbito da conferência internacional Water and Energy Exchange (WEX) Global. A edição de 2015 decorreu de 23 a 25 de fevereiro em Istambul, na Turquia, com o tema “Water, Energy, and the Zero Waste Society”, e Portugal trouxe um prémio para casa.

Tecnicamente falando, este projeto, denominado Neural AD (Neural Networks + Anaerobic Digestion), visa a otimização da produção de energia a partir de biogás resultante do processo de Digestão Anaeróbica das lamas produzidas nas ETAR, na medida em que permite melhor predizer o comportamento do processo em diferentes condições operacionais.

O Neural AD foi concebido pela Águas de Portugal mas também contou com a contribuição de quatro instituições de ensino portuguesas: o Instituto Superior de Engenharia do Porto, que se juntou logo em 2013 ao projeto, e em 2014 juntou-se o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e a Universidade do Minho. Claro que também contou com o apoio da AdP Serviços e de empresas do Grupo com operação de sistemas de saneamento, como a Simtejo e a Sanest.

Neste momento, o projeto encontra-se em fase experimental em seis ETAR do Grupo AdP, e prevê-se a extensão do projeto a mais sistemas de cogeração de biogás de lamas de ETAR do Grupo.

Afonso Lobato de Faria, presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal, destaca não só o reconhecimento internacional que este prémio alberga, “especialmente gratificante porque competimos com os grandes players internacionais” mas também o sucesso da parceria entre empresas do Grupo e o meio académico.

O Grupo Águas de Portugal integra um conjunto de empresas nacionais que operam e exploram infraestruturas de abastecimento de água, de saneamento de águas residuais e de tratamento e valorização de resíduos que servem cerca de 80% da população do território continental, nomeadamente 179 Estações de Tratamento de Água (ETA), 967 Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) e uma extensão de redes de abastecimento e de saneamento de cerca de 20 mil quilómetros, entre outras.

 

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Najha – juntando o melhor de Portugal: cortiça e bom gosto

nahja

Najha é uma marca de acessórios e calçado 100% portuguesa e eco-friendly. Porque nunca é de menos exaltar as marcas que apostam no que  Portugal tem de melhor, reforçando assim uma imagem de excelência em certas áreas, e no que toca à cortiça a liderança de Portugal é inquestionável.

Criada em 2009 por Daniela Sá, os produtos Najha vão desde bolsas, a chapéus, a calçado e cintos. Os materiais que os compõem resumem-se basicamente à cortiça,  que pode adquirir qualquer feitio e cor, e ao algodão, 100% orgânico, materiais que provêm de metedologias de produção com baixo impacto no meio ambiente.  Posteriormente, cada peça é manuseada manualmente, conferindo um toque único e pessoal a qualquer artigo.

Daniela Sá, que já foi nomeada em 2012 para “Designer of the Year – Accessories” pela revista de moda inglesa Drapers, apresenta assim ao mundo um conceito de Moda Sustentável muito característico e sempre com um design elegante.

Para além deste ambicioso objetivo – uma menor footprint no que toca ao ambiente -, a marca também tem como pilar a responsabilidade social, e o facto de por cada Najha vendida, contribuirem com uma percentagem para uma ONG, a “Viver100fronteiras”, comprova este compromisso.

No que diz respeito à internacionalização da marca, a Najha já está presente em Espanha, Itália, França, Canadá, México, China e Hong Kong. Segundo Daniela Sá,“Pela identidade única da Najha, o processo de internacionalização aconteceu de forma natural, havendo o apelo e interesse do exterior em comercializar os artigos Najha, reconhecendo-a como uma marca distinta e de alta qualidade de bolsas e acessórios em cortiça, com um conceito único no Mundo”.

E como não poderia deixar de ser, sinto a necessidade de envolver a economia portuguesa nesta questão. Não se trata apenas de uma “abertura de novas consciências no mundo da moda”, trata-se também de uma utilização de recursos inteligentíssima, que por certo só está a resultar devido ao extremo bom gosto da criadora, claro está. Assim, peço que tomem atenção aos seguintes dados que retirei da APCOR – Associação Portuguesa da Cortiça, pois, como já referi, é inquestionável a liderança portuguesa no que toca à cortiça, e é sempre positivo termos uma noção destas estatísticas que elevam Portugal.

// Portugal tem uma área de 730 mil hectares de montado de sobro, é responsável por mais de 50% da produção mundial de cortiça.

// As exportações portuguesas de cortiça atingiram, em 2012, 846 milhões de Euros e 189 milhares de toneladas.

// A nível nacional, o valor das exportações portuguesas de cortiça representam 2% das exportações de bens portuguesas e mais 30% do conjunto das exportações portuguesas de produtos florestais.

// Como é óbvio… o sector rolheiro representa cerca de 70% do valor das exportações da indústria da cortiça. Estes produtos de moda apesar do potencial e da propaganda nacional, representam uma pequeníssima percentagem desta indústria corticeira.

 

Como nota final, fica aqui um agradecimento a estas marcas portuguesas que apostam nos nossos recursos naturais de uma forma inovadora e um desejo de que este empreendedorismo nacional continue a crescer.

 

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Em entrevista com Francisco Spínola

FS

Personalidade do ano, na 19ª edição da Gala do Desporto da Confederação do Desporto de Portugal, no passado novembro, Francisco Spínola é  administrador da Ocean Events Portugal e um dos grandes responsáveis pela inclusão de Portugal no mapa da elite do surf mundial, com a realização em Peniche de uma das etapas do circuito mundial da ASP, o Rip Curl Pro Portugal.
Costumo dizer que não somos o maior país de surf do mundo, mas somos talvez o mais consistente país de surf do mundo, há sempre um canto que dá ondas!
intro

A minha primeira entrevista presencial … saí de casa com uma hora de antecedência, mas o meu sentido de orientação fenomenal traiu-me e acabou por acontecer o seguinte: entrevistado a ir buscar entrevistadora. Já com um ligeiro atraso, numa sala de reuniões na sede da sua empresa, a NIU-Brand Activation, num tom super relaxado e informal, tive uma conversa espectacular com o principal responsável pela presença dos maiores eventos de surf em Portugal. Mesmo quem não tem interesse pelo desporto, deve ter noção de que o surf tem feito com que Portugal esteja nas bocas do mundo e que a sua contribuição para a economia portuguesa está a ser cada vez maior. Pelo trabalho desenvolvido e  pela oportunidade de o entrevistar, obrigada Francisco!

 

O Francisco está por detrás da organização dos mais importantes eventos ligados ao surf cá em Portugal. Antes de passarmos a questões mais complexas relacionadas com o futuro desta organização, diga-me, porquê o surf?

O surf porquê? Bem, nós fazemos muitos eventos, não só de surf, mas o surf foi um…para já porque eu sou surfista, e comecei a trabalhar há uns anos numa empresa de surf que é a Rip Curl, que hoje em dia é um dos nossos principais patrocinadores. Mas foi através da Rip Curl que trouxemos o maior evento de surf que existe no mundo aqui para Portugal, o WCT, e depois a partir daí conseguimos estabelecer uma ligação com a ASP, que é a FIFA do surf, Achámos que Portugal tinha todo o potencial para trazer essa prova, a chamada fórmula 1 do surf, para cá. Num primeiro momento identifiquei esta oportunidade por ser surfista, mas Portugal tem de facto todas as condições para se fazerem eventos desta dimensão, condições naturais! Porque por melhores condições que haja na Alemanha ou noutros países, estes nunca vão poder ter o tipo de eventos que nós podemos ter cá, temos vantagens comparativas mas também competitivas sustentáveis: estas ondas são um recurso natural que mais ninguém tem.

Como começou esta carreira empreendedora? Pode-me contar por alto o seu percurso até chegar hoje a Administrador da Ocean Events Portugal ?

Eu tirei o curso de comunicação empresarial e fiz vários estágios profissionais em várias empresas, como a Nestlé, depois fui fazer uma pós-graduação, um MBA, na Austrália, em Sidney, sempre com ligação ao surf. Depois, voltei para Portugal, quando cheguei estive alguns anos a fazer alguns eventos e comecei a trabalhar com a Rip Curl Europa. Entretanto trouxemos este evento muito grande da Rip Curl e passado dois anos ficámos a gerir o marketing da marca em Portugal. Mas criámos uma empresa, a Ocean Events, que representa neste momento todos os eventos internacionais de surf que se realizam em Portugal, representa agora a World Surf League. Entretanto, temos uma parceria estratégica com a NIU – Brand Activation, um dos sócios desta empresa é meu sócio também, o Nuno Santana (nós já tínhamos projectos em conjunto), o que nos permitiu abrir por um lado uma área de eventos mais ligada ao entretenimento e por outro lado uma parceria estratégica, porque a NIU faz tudo o que é produção, isto é, nós aqui fazemos o evento de A a Z.

É verdade que uma grande maioria dos nomes ligados à organização destes eventos são eles próprios surfistas? (amadores ou não) Sente que isto leva a uma maior entrega e motivação num objetivo comum? E em poucas palavras, qual é este objectivo comum?

Sim, sim, muitos, é um mix, eu diria 50-50. Na minha empresa, na Ocean Events, cerca de 80% são surfistas. Claro, leva a uma maior entrega e motivação num objectivo comum sim, e este é entregarmo-nos àquilo a que nos propomos, que é um evento de qualidade internacional, que por um lado promova Portugal enquanto destino  de surf, por outro lado promova o desporto, o surf em si, enquanto estilo de vida saudável, e que por outro lado ainda permita às marcas que compõem o evento se posicionarem.

Como tem ajudado a vender a imagem de Portugal como destino de excelência para o surf? “Há sempre ondas em algum lado”? Creio que utilizou esta expressão no passado.

Sim, costumo dizer que nós não somos o maior país de surf do mundo, mas somos talvez o mais consistente país de surf do mundo, há sempre um canto que dá ondas. Há até um claim  do Turismo Portugal que nós ajudamos a contruir que é o “You wil find waves in every corner”, porque como a costa é muito recortada, temos muitas ondas diferentes o que permite que os surfistas venham cá e experimentem várias ondas, não estejam constantemente a surfar a mesma onda. Desde a onda da Nazaré, aos super tubos, às ondas de rife da Ericeira, ondas mais urbanas em Cascais, umas mais fáceis na Costa da Caparica…e por aí fora, no Norte, no Sul…a verdade é que Portugal, em 700km de costa tem ondas em todo o lado!

Agora estava aqui a pensar no caso das ilhas. Sei que nos Açores há um prime, e na Madeira?

Nos Açores temos um prime sim, na Madeira ainda não há nada, mas estamos a pensar, num futuro próximo, trazer também um evento para a Madeira.

O surf é manifestamente um elemento da política do mar. Como é que pensa que o surf vai contribuir para a estratégia nacional do mar?

O surf é provavelmente um dos case studies no que diz respeito às políticas económicas relacionadas com o mar. Por exemplo, temos um evento em Peniche que já lá está desde 2009 e já são notórios os efeitos económicos e socioeconómicos que o surf trouxe para aquela região. Neste momento há toda uma economia que vive à volta do surf, practicamente o ano todo. Ainda por cima o surf tem uma característica muito boa que é a contra-sazonalidade. Normalmente estes destinos só estão cheios entre Julho e Agosto, que é a pior altura para o surf, portanto o surf ajuda a trazer pessoas fora dessa época, na chamada época baixa. Portanto o corte de sazonalidade é muito interessante do ponto de vista económico e por outro lado vemos investimentos em novos hotéis e na remodelação de outros só para atingir as expectativas dos visitantes surfistas. No fundo a lógica aqui é tentar vender o surf como os Alpes vendem a neve, em que as pessoas quando pensam em neve pensam em ir aos Alpes. Nós queremos que os europeus (numa primeira fase) quando pensarem em surf pensem em vir a Portugal, e essa é a estratégia.

Podemos afirmar, sem dúvida alguma, que Portugal é o maior país de surf da Europa? Não tanto em termos de atletas, se bem que pelo que sei estamos bem lançados nesse aspecto, mas mais em termos de eventos.

De atletas somos também claramente dos melhores, neste momento temos um campeão do mundo de júniores, temos o Tiago Pires que foi muitas vezes do top 44, … Em eventos somos claramente o país mais forte de surf da Europa, e em ondas somos CLARAMENTE o país mais forte de surf da Europa, e isso os franceses e os espanhóis já o admitiram publicamente. Portanto, agora com este investimento que tem sido feito quer em eventos quer na promoção, o Turismo Portugal delineou como objectivo chave a promoção do surf português e acho que estamos a conseguir. Estamos com um posicionamento gigante, ainda há pouco tempo saiu uma reportagem numa revista norte americana para milhões e milhões de pessoas de 8 páginas só a a falar de Portugal. Portanto, Portugal está com um posicionamento enorme para ser o maior país de surf da Europa…

Já é…

Sim, já é o maior país de surf da Europa e está a fortalecer cada vez mais essa posição.

Então as aspirações extra-Europa, quais são? Acha que algum dia vamos estar ao nível da Austrália ou do Havai?

Sim, nós a pouco e pouco vamos chegar lá. Mas nós temos de ser realistas e procurar atingir objectivos reais, se não não atingimos nada. Para além do mercado europeu, estamos a procurar atingir o mercado da costa leste dos E.U.A., pois é mais fácil para quem está aí vir surfar a Portugal do que ir surfar à Califórnia que fica na outra ponta dos E.U.A. e onde as distâncias dos aeroportos às ondas são maiores. Outro alvo é o Brasil, há muitos surfistas brasileiros, e estão no nosso top 5 de visitantes. Vamos longe, mas obviamente que isto não se atinge em um ou dois anos, a Austrália, o Havai, estão há 100 anos a investir no surf. Temos um longo caminho, mas estamos no bom caminho.

Em relação ao impacto do surf na economia portuguesa, fiquei espantada com o número que foi apontado para as receitas geradas pelo surf há um ano: 400 milhões. Donde vêm estes milhões? É uma estimativa? Englobam já o impacto indirecto no turismo?

Sim, isso são dados directos e indirectos, Nós olhamos para a nossa parte dos eventos, e no que toca aos eventos, estes são um pólo de desenvolvimento muito grande para a região e eu prefiro nunca falar só de estudos. Eu sou uma pessoa que vive sempre na economia real, nunca lido muito com os mercados financeiros, isso para mim é tudo uma coisa muito artificial, eu gosto de ver as coisas a serem feitas e a senti-las,entendes? E os números são aquilo que nós queremos que eles sejam, portanto os estudos são muitas vezes aquilo que nós queremos que eles digam. Agora a verdade é, vão a Peniche, vão à Ericeira, vão às zonas de excelência de surf e vejam quanto o surf tem marcado aquelas zonas, falem com pessoas que nada têm a ver com o surf e vão ver o que elas dizem: dizem que o surf mudou aquela zona.

Só no ano passado a World Tour foi vista ao longo do ano por 200 e tal milhões de pessoas, portanto nós aqui estamos a falar de uma média por evento de 4 milhões de espectadores (só na internet) e portanto é um número já muito animador no que toca à promoção do destino de Portugal, porque não estamos a falar de ténis ou de um jogo de futebol que se pode fazer num estádio construído em qualquer lado do mundo, aqui não, tem de haver o factor natural, e ondas como os supertubos da Nazaré, ou ondas como as da Ericeira e Cascais não existem em mais lado nenhum assim, há algumas mas contam-se pelos dedos de duas mãos – só existem 10 provas destas no mundo inteiro.

Eu não vou então insistir nesta parte dos números, mas por exemplo as vendas de produtos ligados ao surf, como as mochilas e casacos da Ericeira por exemplo, estão incluídas nesse estudo?

Claro, só na indústria estamos a falar para aí de 120 milhões. Mas os eventos têm um impacto directo e indirecto de 30/40 milhões. Nós no estudo do WCT de há três anos falávamos de 12 milhões de retorno para a economia local durante 10 dias, portanto multiplicar isto ao longo do ano dá esses números, o número…não acho que seja um número por aí além, é um número bom mas não acho que seja estapafúrdio, aliás se formos a ver, o turismo representa cerca de 10% do PIB português. Sendo o surf  uma parte pequena, ainda que pequena é muito interessante lá está por causa da questão das sazonalidades, não vale a pena estar a criar mais mercado no Algarve em agosto, temos taxas de ocupação de practicamente 100%, esta é uma forma de estarmos a criar novos mercados para épocas baixas. É a grande questão…como o golfe! O golfe também é bom em outubro, que é uma época baixa. Eu acho que o surf e o golfe são bons exemplos disso, de como determinadas actividades podem potenciar o turismo directamente.

Então se falassemos de uma cadeia de valor ligada ao surf, tínhamos os eventos, a indústria, o turismo, os impactos locais…?

Sim, sim, basicamente estamos a falar de eventos, indústria, indústria ligada directamente, o turismo e obviamente depois todos os praticantes e consumidores têm outro impacto ainda, os surfistas são pessoas que se mexem muito, que têm uma mobilidade muito grande, vão para Sagres passar o fim-de-semana, vão para a Ericeira surfar, para o Porto…e esta mobilidade também entra nessas contas.

Então, já falámos bastante sobre os pontos fortes desta cadeia de valor, consegue-me identificar algumas fragilidades dessa cadeia de valor?

Há sempre ainda a questão de ser um nicho de mercado, não é? E se pensarmos no muito longo prazo e se formos pessimistas sempre podemos falar das questões ambientais, do nível de subida do mar…Mas de facto, fragilidades são poucas, a meu ver.

De que tecnologias o surf é beneficiário? Quais são os graus de inovação que estão ao alcance das empresas portuguesas? (novos desenhos aerodinámicos para as pranchas, novos materiais de produção, etc.)

Muitos materiais já são produzidos em Portugal, aliás quase tudo o que é necessário já é cá produzido. Em termos de inovação, posso dar um exemplo que superou as preocupações de alguns, que era o desperdício dos fatos de surf de borracha que não tinham outro uso quando já estavam desgastados, simplesmente iam para o lixo, agora o que se tem feito é reciclar esses fatos para produzir, por exemplo, solas de sapatos.

Pode-me falar um pouco sobre o ecosistema ligado ao surf? Eu explico: organizações, financiamentos, patrocínios, pessoas, dependências, o que alimenta o surf e o que o surf por sua vez alimenta… Em suma, as suas componentes.

Os eventos de surf são de facto muito dependentes dos patrocínios sim, é essa a grande fonte de financiamento, e duvido que esta situação se altere nos próximos anos, porque o surf não é suposto ser um desporto que se pague para ver. Principais patrocinadores são de três tipos: as Câmaras Municipais, o Turismo Portugal e sobretudo marcas privadas.

Um tema relevante para a Europa e Portugal: o envelhecimento activo e saudável da população. O que é que o surf pode ter a ver com isso? Têm focado a atenção num público alvo jovem, vão tentar alargar o foco?

Claramente que o surf forma um estilo de vida saudável, sim. É acordar cedo, porque as melhores ondas por regra são de manhã, é estar ao ar livre, é nadar, é tudo… Não é propriamente um público jovem já, nos eventos vê-se de tudo. E o que tem acontecido cada vez mais é os pais que vão deixar os meninos nas aulas de surf acabam por aproveitar o tempo de espera para experimentar e acabam por ficar praticantes.

Em termos estatísticos, homens-mulheres quais os rácios? Claramente começou por ser um desporto masculino, ou não? Sente uma cada vez maior adesão feminina?

Sim, começou sim, mas a adesão feminina está a ser gigante, os rácios estão cada vez mais aproximados. Aliás, o crescimento é maior nas mulheres do que nos homens.

Tenho aqui uma pergunta que foi pedida por um amigo meu surfista. Vimos agora o Tiago Pires deixar a elite do surf mundial e muito se tem falado de possíveis sucessores. Mas a verdade é que os nosso atletas não têm as oportunidades que têm os australianos ou americanos.

Falo a dois níveis: 1- Centros de treino e de alto rendimento. Na Austrália temos o famoso HPC, em Portugal, e nos últimos tempos, têm-se vindo a tentar desenvolver centros do género, como o de Peniche por exemplo. No entanto são locais que não estão acessiveis a todos os surfistas, portanto na sua opinião o que é que ainda pode ser feito neste sentido?

Como já referi, temos de nos relembrar que o surf está instalado na Austrália e nesses países há mais de 100 anos, não é verdade que estejam acessíveis a todos os surfistas, isso nunca vai acontecer, mas no que toca a Portugal, estes centros estão a ser desenvolvidos e havemos de lá chegar.

2 – O outro aspecto é a nível de patrocínios. Temos o Vasco e o Kikas com apoio suficiente para correr o circuito mundial de qualificação. Talvez o Tomás Fernandes e o José Ferreira, mas não temos mais ninguém. Surfistas como o Miguel Blanco, João Kopke, Filipe Jervis não têm o apoio que necesitam para conseguir competir com os melhores. Para onde vai tanto dinheiro pelo surf gerado? O que acha que pode ser feito no sentido de fazer chegar este “boom” económico que o surf tem gerado aos surfistas que tanto dele precisam? O que é que justifica o desinteresse das marcas em apoiar os atletas?

Eu sou da opinião de que devia haver mais apoio financeiro aos surfistas, mas a realidade é aquela em que vivemos. Já não funcionamos a nível nacional, se alguém quer sobressair, tem de sobressair a nível global. É uma realidade dura, mas os surfistas têm de atingir resultados sozinhos, não podem ficar à espera que os patrocínios caiam do céu, têm de se chegar à frente e de ser os melhores! Mas mais uma vez, friso, sou da opinião de que as marcas devem estar mais atentas a um maior número de surfistas.

Por fim, gostava de voltar a focar a atenção no facto de o Francisco ser um empreendedor de sucesso bastante jovem (33, 34 anos certo?). Tem algum conselho para nós jovens?

34 anos, sim. Posso referir aqui algumas coisas sim:

Em primeiro lugar, há que ser CONSISTENTE, sem consistência não se vai a lado nenhum. Depois temos a EDUCAÇÃO, claro que há muitos empreendedores de sucesso que não tiraram um curso universitário ou profissional, mas acredito que a educação é o caminho certo, pelo menos eu senti a necessidade de me educar, aquele MBA na Austrália foi uma necessidade que senti.

ACREDITAR, nunca mas nunca parar de acreditar e com isso vem a PERSISTÊNCIA mas também a capacidade de saber ESPERAR, não vem tudo de uma vez só.

QUESTIONAR SEMPRE, nunca fazer uma coisa de uma certa forma só porque sempre foi assim feita, e ao longo do processo questionarmo-nos sempre “porque estou a fazer isto?”.

Por fim, IR PORTA-A-PORTA! Agarrar num low-cost e ir lá. Nós conseguimos estas licenças todas porque eu há não sei quantos anos atrás meti-me num avião e fui lá falar directamente com eles. Fui dizer-lhes que as ondas eram boas, que Portugal tinha altas ondas, toda a gente acha que toda a gente sabe que Portugal tinha altas ondas e que o surf era conhecido, mas não era.

A cada dez nãos, levas um sim, portanto é nunca perder a MOTIVAÇÃO, sempre que levas um não, é alegrares-te porque estás mais próximo de levar um sim, segundo este rácio, se levas um não já só faltam nove para o sim, levas outro já só faltam 8…É este o meu conselho, que eu não acredito muito em sorte, acredito em educação, consistência, trabalho e vá… numa pinguinha de sorte.

 

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Lisboa mais uma vez escolhida para stopover da Volvo Ocean Race

Volvo Ocean Race 3

Lisboa mais uma vez escolhida para stopover da Volvo Ocean Race

A maior e mais antiga regata à volta do mundo vai parar outra vez na capital portuguesa! O evento vai estar carregado de celebrações que por um lado vão gerar um bom impacto económico, e por outro vão fortificar os laços entre os portugueses e o mar.

Esta grande regata, feita com escalas, arrancou no passado outubro em Alicante, Espanha, fica em Lisboa durante 14 dias, entre 25 de maio e 7 de junho, e termina a 27 de junho em Gotemburgo, na Suíça. A passagem por Lisboa vai ser a última oportunidade para as sete equipas de retirar os barcos da água e proceder à sua manutenção.

José Pedro Amaral, Stopover Diretor Volvo Ocean Race Lisbon , afirma, segundo a Imagens de Marca, que esta passagem por Lisboa coloca Portugal no palco mundial da vela, promovendo o nosso turismo, a nossa economia e a nossa cultura. Nesses 14 dias, vai ser possível assistir gratuitamente a concertos, exposições, feiras e atividades, tudo subordinado ao tema do mar, e a organização garante ainda o contacto direto com as equipas e respetivas embarcações.

O mar há muito que é uma peça fundamental na história de Portugal. Tendo sido um pouco ignorado e deixado de lado, certamente na segunda metade do século XX, temos assistido a uma reconsciencialização da importância vital do mar português. Apesar de muito ter de vir a ser feito em relação ao aproveitamento dos recursos marítimos, nomeadamente em relação à pesca, na área do turismo marítimo os sucessos já começam a “vir ao de cima”, e a passagem da Volvo Ocean Race por cá é um grande exemplo disso mesmo. De certa maneira também se podem emglobar os eventos importantíssimos a nível mundial ligados ao surf que cada vez mais têm como destino Portugal, mas sobre isso vou falar noutro artigo!

É assim uma oportunidade de renovar a ligação de Portugal e dos portugueses com o mar, como acrescenta José Pedro Amaral, e também de sensibilizar e incentivar as pessoas a serem mais recetivas a este nobre desporto que é a vela.

Em termos numéricos/monetários, podemos antecipar que o investimento necessário ronda a ordem dos 4 milhões de euros, mas o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, estimava já em Fevereiro de 2013, ao Público,   que apesar de este investimento poder ser visto como avultado, o impacto financeiro pode chegar aos 20-25 milhões de euros.

 

foto:DR

O Que De Verdade Importa vai ser já revelado dias 3 e 10 de março!

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O Que De Verdade Importa vai ser já revelado dias 3 e 10 de março!

Desde 2007 que a fundação espanhola começou a organizar estes congressos direccionados para os jovens, e a segunda edição deste projecto em Lisboa está aí a chegar, sendo que a primeira edição no Porto é logo a seguir.

 

Este próximo congresso, tal como todos os outros organizados, é um “encontro gratuito, apolítico e aberto a todas as crenças”, onde alguns oradores escolhidos a dedo contam as suas histórias de vida de impacto. Propósito? O “desarrolho e a difusão dos valores humanos, éticos e morais universais ao público em geral fundamentalmente através do desarrolho de actividades culturais”.

Nesta edição, a capital portuguesa vai receber Alexia Vieira, Kyle Maynard e Tomaz Morais. Isto é, temos uma natural de Lisboa que criou a Fundação Khanimambo de ajuda em Moçambique, um americano que nasceu sem braços ou pernas, um campeão de luta livre que já escalou o Kilimanjaro (e sim, estamos ainda a falar da mesma pessoa) e por fim um treinador português que levou Portugal a vencer competições internacionais de Rugby.

O Porto por sua vez vai puder contar com Bento Amaral, um tetraplégico que tem muito para testemunhar, Johnson Semedo que deu uma volta de 180 graus à sua vida e Lucia Lantero, ligada ao voluntariado internacional e fundadora de uma ONG.

O feedback de quem foi o ano passado não podia ter sido melhor, e a maior parte quer repetir a dose este ano.

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Assim fica o desafio: inscreve-te para reservar o teu lugar, convida os teus amigos ou vai numa de abrir os olhos sozinho, leva um bloco para apontares as frases que mais te marcam e passa um dia diferente e espectacular a ouvir testemunhos inesquecíveis, rodeado de jovens como tu que têm mente e coração abertos e desejosos de vontade de saber mais.

No final, não te esqueças de não deixar morrer estas histórias contigo e partilha-as com a tua família e amigos, para além de que podes sempre dar um ar de culto: “Por falar nisso, sabias que…”, o que só traz vantagens, não é?

 

 

Mais informações:

https://www.loquedeverdadimporta.org/pt-pt/congressos/congressos-internacionais/

https://www.facebook.com/oquedeverdadeimporta