Num andar, em Lisboa, reside a Maria Modista, uma costureira alegre, simpática e cheia de vivacidade. Com a linha pronta na agulha, reúne todos os conhecimentos para ensinar as técnicas mais actuais e ajudar a tornar as ideias das suas alunas em peças únicas e perfeitas para cada estilo pessoal.
Eu pensava que esta ideia não ia chegar a muitas pessoas, não tinha noção que tanta gente tinha o gosto, tal como eu, de aprender a costurar.

A Excelência Portugal quis saber mais sobre este projecto e foi conhecer pessoalmente a Maria Modista, uma escola de costura original desenvolvida por Filipa Bibe.
Deparámos com um negócio de sucesso que veio despertar a arte do “Corte e Costura”, há demasiado tempo guardada na sabedoria das nossas avós, e deixar qualquer pessoa com a vontade de aprender.
Como é que nasceu a Maria Modista?
A Maria Modista nasceu depois de eu estar à procura de sítios onde pudesse aprender melhor a costurar. Eu já sabia trabalhar com a máquina e algumas técnicas básicas mas queria desenvolver mais para poder criar peças para mim e dentro do meu estilo.
Mas tudo o que encontrava era muito tradicional e antiquado! Existiam opções lá fora mas era tudo muito caro. Depois desta procura frustrada, surgiu a ideia de criar um espaço onde se pudesse aprender a costurar peças mais contemporâneas e com técnicas mais actuais.
Então a Filipa não tinha formação particular na área?
Embora já tivesse o contacto com a costura, não é a minha área de formação! Antes da Maria Modista tinha um escritório de Contabilidade e trabalhava nesta área. No entanto, já estava desmotivada e como a costura era para mim um prazer, pensei que talvez fosse uma boa ideia e que mais pessoas estivessem à procura de uma escola com estas características.
Como foi tornar esta ideia em realidade?
Na altura falei com a minha sócia da Contabilidade, a Patrícia Pinta, que decidiu abraçar também o projecto. Começámos por estar numa sala do nosso escritório e quando o projecto começou a crescer tivemos a necessidade de maior espaço e viemos para este andar. Agora, para além deste espaço em Lisboa, temos já três espaços em Oeiras, Torres Vedras e no Porto.
Quando começou a ganhar consciência que era um projecto de sucesso?
A partir do sexto mês comecei a perceber que o projecto ia mesmo crescer. Neste momento, a Maria Modista é o meu trabalho a tempo inteiro!
De que forma foi feito o financiamento?
Ao contrário da nossa empresa de Contabilidade, o financiamento foi todo conseguido através de um empréstimo bancário. Como o investimento não era grande, não sentimos grande obstáculos.
Começar um negócio não é fácil e inúmeras dificuldades aparecerem no caminho. No caso da Maria Modista, qual foi o maior desafio?
Professoras, arranjar professoras! Isto porque queríamos uma técnica mais moderna e fugir um bocado ao conceito da costureira muito antiga. Entretanto vimos que existiam outras formações e o perfeito é conseguir conciliar as duas. Isto porque a costureira mais antiga tem uma experiência de uma vida, o que é fantástico, e as mais novas tem outras técnicas. Quando misturamos os dois conhecimentos conseguimos ir ao encontro das necessidades e conceito da Maria Modista.

Neste momento o projecto conta já com três anos. Como tem sido a aceitação?
Eu pensava que esta ideia não ia chegar a muitas pessoas, não tinha noção que tanta gente tinha o gosto, tal como eu, de aprender a costurar. De fazer roupa para si, para os filhos ou mesmo para começar um próprio negócio. Tem tido um balanço muito positivo!
Sente que de alguma forma o clima de crise possa ajudar no sucesso dos negócios Do it yourself ?
Sem dúvida!
Se por um lado as pessoas percebem que aqui podem criar peças para o seu próprio guarda roupa, por outro algumas alunas criam os seus próprios negócios através do que aprendem aqui. A Maria Modista acaba por incentivar o empreendedorismo neste sentido, dando asas a que se explore outras capacidades.
Qual o perfil da aluna da Maria Modista?
A maior parte das alunas tem idade entre os 18 e os 45. Temos também algumas avós, mais dinâmicas, que fazem muito roupa para os netos. Homens são poucos, mas vão aparecendo!
E quando começaram, vinham já com alguma experiência?
A maior parte vêm sem experiência nenhuma, começam do zero. Depois algumas alunas têm já alguma experiência e vêm aperfeiçoar as suas técnicas e criar peças para si.
Os cursos são o produto principal da Maria Modista. Como funcionam?
Os cursos funcionam em três horários: de manhã, tarde ou pós-laboral. Pode-se escolher um dos horários entre uma a cinco vezes por semana e depois fica-se inserida numa turma. Aqui as professoras estão focadas nas necessidades das alunas, tendo uma atenção muito especializada. Algumas alunas chegam já com fotografias do que querem fazer ou uma peça que está estragada e querem fazer algo parecido. ´cada aluna pode estar a fazer uma peça diferente das outras.
Ao início começasse por fazer peças mais simples e depois vai-se desenvolvendo na autonomia e na complexidade. Apenas é necessário trazer os tecidos pois temos no espaço todo o material de costura necessário.
Os workshops são um produto diferente certo?
Sim, são mais direccionados para quem não pode ter as aulas durante a semana. Funcionam ao fim-de-semana e têm sempre um tema que pode ser iniciação, roupa de bebé ou biquínis. Existem muitos temas disponíveis e a calendarização pode ser vista no nosso site.
Cada vez aparecem no mercado opções no que toca a aprender conhecimentos tradicionais que de certa forma ganham agora outra vida. De que forma é que a Maria Modista se destaca na sua concorrência?
Como fomos as primeiras criamos logo maior impacto.
Para além disso, apostamos muito na imagem. Muito muito muito! Estamos muito presentes nas redes sociais e sinto que tem sido uma aposta ganha. Faz toda a diferença! A Maria Modista foi lançada numa altura que se tornou moda as negócios nas redes sociais o que acabou por nos ajudar na divulgação.
Sente que de alguma forma o clima de crise possa ajudar no sucesso dos negócios Do it yourself ?
Sem dúvida!
Se por um lado as pessoas percebem que aqui podem criar peças para o seu próprio guarda roupa, por outro algumas alunas criam os seus próprios negócios através do que aprendem aqui. A Maria Modista acaba por incentivar o empreendedorismo neste sentido, dando asas a que se explore outras capacidades. Existem algumas marcas que foram criadas por alunas desempregadas que, tal como eu, viram na costura uma forma de trabalhar numa área que gostam.
A Maria Modista já criou o seu próprio livro para que cada vez mais pessoas possam descobrir o mundo da costura. Como é que foi idealizado?
O livro tem os projectos que são mais pedidos nas aulas pelas nossas alunas.
Não é necessário grande experiência, apenas conhecer a dinâmica da máquina.
Lançámos o livro em Novembro e da última vez que contactei a editora foram vendidos 1500 unidades, embora sejam um número sem considerar o último mês.
Está acessível nas várias livrarias e grandes superfícies e custa 22 euros.
Os projectos para o futuro, quais são?
O nosso projecto futuro é conseguir alargar a marcar através de Franchising. Temos já uma escola recentemente aberta em Torres Vedras e estamos a trabalhar em novos pedidos. A ideia seria manter a marca Maria Modista mas expandir para outras locais.
Se pudesse, que conselhos daria a quem esteja a começar agora o seu próprio negócio?
Não ter medo de correr de correr riscos! Pensar bem naquilo que se gosta de paixão, porque já é meio caminho andado para as coisas correrem bem.
Esta ideia era uma coisa que queria mesmo e adorava concretizar, a contabilidade já não foi tanto assim. A Maria Modista foi feita de coração e realmente quando é assim resulta sempre!
fotos:DR