
A Excelência Portugal esteve presente no maior evento nacional de empreendedorismo que se realizou no passado fim-de-semana na LX Factory, em Alcântara. Aqui segue o testemunho pessoal de uma das nossas correspondentes.
Sou uma estudante de gestão, assim quando me foi proposto cobrir o evento nem pensei duas vezes, era a oportunidade perfeita de conciliar este hobby do jornalismo com o bichinho do empreendedorismo que tenho vindo a desenvolver. Já conhecia o evento bastante bem, no semestre passado foi-nos pedido para investigar um “caso de sucesso” da nossa faixa etária e eu cheguei a entrar em contacto com o Tiago Vidal, o fundador da Go Youth Conference. Se estiveres a ler isto, Tiago, não te sintas ofendido, mas na altura e neste fim-de-semana que passou, pareceste-me um rapaz perfeitamente “normal” de acordo com os padrões de hoje em dia (seja a definição destes o que quer que seja), o que torna o choque da absorção da dimensão e da qualidade da organização deste evento ainda maior. Sempre presente, sempre calmo, sem os “tiques” do homem “behind the show”. Foi com 17 anos que o Tiago arrancou com a GYC, é de louvar o cariz pioneiro ao ser capaz de recolher apoios e de fazer grandes gurus da gestão (e não só) acreditarem nele e virem a Portugal.
No final do evento, abordei o Tiago para receber feedback direto do fundador de tudo aquilo, passo a citá-lo: “Na minha opinião, superou as expectativas no geral. O foco foi melhorar a experiência do participante no evento e a produção do mesmo e penso que isso foi conseguido. A nível de conteúdo, as expectativas eram altas mas acho que foi diversificado e no final “worthwhile” para os participantes.” E ainda deixou um comentário sobre a importância do papel da Excelência e semelhantes na divulgação e como fonte de motivação: “Acho importante estes meios de forma a divulgar aquilo que se passa de interessante e diferente em Portugal para além dos mainstream media em que o conteúdo pouco varia.”

O espaço era e estava decorado de forma espetacular, e as luzes! Não me canso de falar das luzes. Ajudaram a criar uma atmosfera tão envolvente, tão própria para a inspiração, para a sensação de que existem infinitas oportunidades ao virar da esquina! Fica desde já aqui um grande reconhecimento a todos os que estiveram envolvidos na produção e organização. O staff era super animado e prestável, e sem falar da comida e bebida servidas…
Quero muito possibilitar aos meus leitores uma visão global e pessoal do evento, mas não me posso esquecer de ser factícia e organizada. Factos, vamos aos factos, à sucessão dos acontecimentos.
Antes da abertura das portas, às onze horas de sábado dia 18 de abril de 2015, estava no armazém que recebeu a GYC, com o meu pass de imprensa. Tive a oportunidade de absorver o ambiente ainda vazio, o que me permitiu tirar umas fotografias bem espetaculares, a modéstia nem tem de estar à parte porque o mérito não foi de todo meu ou da câmara mas sim, frizando pela última vez, prometo, do ambiente que foi criado, ali, naquele armazém. Aproveito para aconselhar uma empresa de multimédia, que tratou do vídeo promocional do evento: The Flying Man. Falei pessoalmente com eles e eles são de facto excecionais, apostam na qualidade e sobressaiem por isso mesmo.
O primeiro orador tratou-se de Miguel Frasquilho, presidente da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) que vendeu Portugal de uma maneira muito inteligente. Curioso, no dia anterior tinha assistido na minha universidade a uma conferência do embaixador do Canadá em Portugal, e confesso que as semelhanças sobre os tópicos abordados foram imensas. Gostaria de mencionar quatro factos mencionados: crescimento das exportações, localização estratégica e melhoria do ambiente empresarial – por exemplo, estamos no top 25 mundial no que toca à facilidade em criar uma nova empresa – e uma grande qualidade de vida. Terminar com uma ideia que foi muito martelada ao longo do ciclo de conferências: Portugal está a tornar-se cada vez mais atrativo e tem vindo a melhorar a sua competitividade.
A segunda pessoa a subir ao palco foi uma jovem mulher com imensa garra e estilo: Kathryn Minshew, do The Muse (https://www.themuse.com/). Esta conquistou-nos logo com a sua frontalidade ao admitir que é muito fácil estar ali a falar dos sucessos de cada um, mas no que toca aos falhanços…já não é assim tão fácil e entusiasmante. E assim Kathryn achou por bem partilhar grandes e pequenos erros que foi fazendo na criação da sua start-up. Tenho uma vontade gigante de partilhar cada uma das dicas que apontei em todas as conferências, mas assim a probabilidade de UMA pessoa chegar ao fim do artigo ia diminuir ainda mais. Assim deixo apenas uma frase provocadora e encorajadora à persistência da autoria desta empreendedora americana, no original: “Start-ups are an evolution from suck to suck less”.
De seguida foi a vez de um contador de histórias: Burt Helm, da revista Inc. Maganize. Foi absolutamente hilariante. Basicamente o desafio dele foi deixar-nos três dicas para saber contar uma boa história, vou tentar reproduzi-las:
– No início: começar com uma complicação, assim tem-los “fisgados” (hooked, no original).
– No meio: queremos manter a atenção, dica de causa-efeito do South Park, “therefore and but” – pode ser a história mais estúpida do mundo, mas nós caímos.
– No fim: se o fim não prestar, aqueles que perderam tempo a ler/ouvir até ao fim vão-se sentir traídos. Um bom climax, uma boa transformação, tem de acontecer!
Em quarto lugar, subiu ao palco Jeremy Johnson, da start-up Andela, que propõe um modelo de educação baseado nas capacidades de cada um, completamente diferente dos implementados até agora. Trata-se de um conceito complexo que vale a pena pesquisar. No dia a seguir tive a oportunidade de falar com o Jeremy pessoalmente, queria imenso fazer-lhe uma pergunta, e ele foi super acessível e prestável, e fez uma coisa que eu aprecio imenso: deu de facto a sua opinião, não teve medo de se esconder no politicamente correto. A premissa que o levou a criar a Andela foi a seguinte: “Talent is evenly distributed but opportunity is not”.

O primeiro empreendedor português a pegar no microfone foi o Miguel Pina Martins, da marca de brinquedos didática, Science4You. Mas não seria o último.
Depois houve a oportunidade de assistir a uma conversa entre VC’s (Venture Capitalists) – investidores em start-ups: Alexandre Barbosa (Faber), Martin Mignot (Index), Ciaran O’Leary (Earlybird) e Hussein Kanji (Hoxton). Ciaran comentou que nunca se deve desperdiçar uma boa crise, e Portugal não deixou. O francês Martin Mignot mencinou dois grandes ativos da economia empreendedora portuguesa: as pessoas falam inglês (“mas falam mesmo!”) e o grande sentido de beleza e design que existe em todo o lado.
Durante o resto do dia, os oradores foram Morten Primdahl (Zendesk), João Oliveira Martins (Pathena), Pedro Queirós (Ericsson), Miguel Santo Amaro (Uniplaces) e Or Abel (YO). Queria só destacar aqui o Miguel Santo Amaro, dado que estou bastante familiarizada com o sucesso da Uniplaces, que é um grande exemplo de empreendedorismo a funcionar a todo o gás em Lisboa. Tive a oportunidade de visitar os escritórios da sede aqui na capital no outro dia e aquilo sim, aquilo é o sonho de qualquer jovem empreendedor. Noutro artigo escreverei mais sobre eles.
Chegámos a domingo, dia 19 de abril de 2015. A abertura foi feita com outra jovem mulher cheia de energia, Brittany Laughlin, da Union Square Ventures, que já esteve do lado de quem arrisca a pele (empreendedores) e agora está do lado de quem arrisca mas ao financiar e aconselhar. Apelou à ação: “The best way to get started is to get started”.
Seguiu-se uma conversa animada entre três portugueses: Jaime Jorge (Codacy), Filipa Neto (Chic By Choice) e Vasco Pedro (Unbabel). Muitos tópicos foram abordados, um deles foi o porquê da escolha de manter as empresas em Portugal. São várias as razões, mas sejam estas quais forem é um sinal positivo! O nosso fundador da Excelência, Miguel Marote Henriques, teve a oportunidade de trocar impressões com a Filipa sobre o mercado de produtos de luxo, o sucesso crescente da Farfetch, o modelo de negócio da Chic By Choice, os players e as novas tendências de negócio e a necessidade de uma rápida adaptação às mesmas. Uma possível entrevista particular à Filipa está à vista.

Após esta reunião de portugueses bem sucedidos (sempre em inglês, claro está, já que se trata de um evento internacional que recebe imensos visitantes estrangeiros), veio a vez de Adam D’Augelli, da True Ventures, que nos pôs a todos depé a mexer os braços de um lado para o outro ao mesmo tempo. A originalidade assume muitas formas.
Posteriormente marcaram presença Matt O’Brimer, da General Assembly, Thom Cummings, da Soundcloud, e por fim, para encerrar um grande ciclo, Ray Chang, co-fundador do gigante de entretenimento – 9gag. Este último, num inglês perfeitamente compreensível mas com forte sotaque chinês, procurou dar uns conselhos úteis sem nunca esquecer o bom humor que a plataforma procura providenciar. Mais uma vez houve um apelo à ação: “Don’t be an idea person. Be a follow through person”. O principal, por mais estranho que pareça e que pareceu no início, foi “MAKE YOUR BED”. Fica a dica, interpretem-na e ponham-na em prática, queridos leitores resistentes!
fotos: DR