
A Home Lovers nasceu quando Magda e Miguel Tilli queriam fazer uma mudança de vida. Depois de uma tentativa infrutífera no ramo imobiliário e deparados com o desemprego, decidiram ser a própria solução. Lançada no facebook, hoje esta mediadora é um caso de sucesso e uma referência no empreendedorismo.
Ajudar a encontrar a casa de sonho é o principal objectivo deste empresa que se distingue pela originalidade e pelas suas casas trendy e com alma. Conta já com 30 funcionários e espaços em Lisboa, Cascais e no Porto.
Fomos conhecer a sua casa e falar com a Magda, responsável pelo marketing. A palavra paixão foi a mais recorrente ao longo da entrevista. Nada que irá surpreender o leitor depois de a ler pois a Home Lovers deixa qualquer um apaixonado.

Como surgiu a Home Lovers?
Em 2011, eu e o Miguel abrimos uma agência imobiliária tradicional. Passados seis meses, vimos que não estava a resultar. Foi bastante complicado porque estávamos os dois envolvidos e ficamos os dois parados. Foi aí que pensei em criar uma página no facebook, muito para ocupar o tempo que estava disponível e a paixão que continuávamos a ter pelas casas. Não tinha custos nem prejuízos. Foi muito intuitivo!
Como foi entrar num mercado à partida já sobrelotado e que acarretava algum risco?
Bem, nós já tínhamos experienciado que o modelo tradicional, com uma loja física, não ia funcionar no mercado. Quando criámos a página no facebook chamava-se inicialmente “Casas em Lisboa”, era só arrendamentos e não sabíamos concretamente o nosso conceito. Foi através de muitas tentativas e erros que se chegou a Home Lovers. Mas para entrar neste mercado para nós o que mais pesou foi a paixão. Foi a paixão pelas casas que nos fez continuar a estar neste ramo. Apenas tínhamos de mudar de direcção.
As redes sociais foram o vosso ponto de partida, neste caso, o facebook. Como foi escolher este meio?
Exactamente! Há uns anos atrás quase não havia comércio nas redes sociais e nós acompanhamos esta forte tendência crescente. Inicialmente diziam-nos que ninguém ia comprar uma casa que visse no facebook e nós viemos mostrar que é possível, se feita a abordagem certa! É muito interessante porque os nossos clientes não são apenas os últimos intermediários, os que compram as casas. Existem muitas pessoas que nos seguem e que vão vendo as casas na nossa página. Estas recomendam a outras pessoas espontaneamente, muitas vezes até com comentários nas publicações, e a divulgação decorre de uma forma muito natural.
O que de melhor se pode aproveitar destas?
Acho as redes sociais trazem, principalmente, uma enorme proximidade. Até podem não ser os compradores finais, mas é uma enorme mais valia estar tão próximo das pessoas. É um contacto não presencial mas que está muito presente. Para além disso, esta proximidade gera confiança, que é algo fundamental em qualquer marca. Existe depois a vantagem das partilhas e da divulgação, que decorre tanto virtualmente e como de “boca em boca”.

E que o é mais difícil de lidar?
A obrigatoriedade da resposta rápida! Esta presença e facilidade das pessoas comunicarem connosco no facebook obriga-nos a ter de estar muito disponíveis a responder às perguntas e pedidos. Como as pessoas consultam as redes sociais a qualquer hora do dia, existe a tendência de perguntarem e pedirem informações fora do nosso horário de trabalho.
No início do projeto, quando éramos apenas duas pessoas, foi difícil conseguir dar sempre uma resposta com rapidez. E não tínhamos ainda um sistema de call center interno, eram os nossos números pessoais. Tínhamos pessoas a ligarem-nos ao domingo, já bem de noite! As pessoas ficam impacientes e querem muitas vezes soluções rápidas. Agora é mais fácil pois temos pessoas responsáveis por isso, mas pode ser complicado no início.
O que é que a Home Lovers veio acrescentar de diferente para atrair tanta atenção?
Começámos e fomos os pioneiros. Embora já haja uma maior preocupação das agências imobiliárias em estar presente nas redes sociais, termos sido os primeiros ajudou a criar uma referência. Temos também algumas características próprias. O facto de não termos uma loja mas recebermos as pessoas numa casa vai de encontro à relação que queremos ter com os nossos clientes. Temos também uma linguagem própria. A palavra imóvel não existe no nosso vocabulário! Também não temos vendedores. E tratamos o cliente sempre pelo seu nome.
Depois, viemos acrescentar um conceito diferente ao mercado. As nossas casas têm uma identidade comum.
Esta identidade é uma das chaves do negócio. O que é uma casa “Home Lovers”?
É uma casa pela qual nós nos apaixonámos! As nossas casas são muito diversas, temos T1 e palacetes do século XIX. Mas são todas casas onde dá gosto viver, que tem a personalidade. A localização é o segundo fator mais importante. As casas Home Lovers estão localizadas em zonas mais históricas e tradicionais mas acima de tudo zona de interesse. No início custou-nos muito rejeitar algumas casas que nos chegavam mas foi por esta seleção que conseguimos criar a nossa identidade. As casas tem um carimbo Home Lovers!
O facto de estarem mais perto das pessoas faz com que a escolha das casas seja mais emocional.
Claramente! Achamos que a escolha tem de ser sempre emocional. “Tenho que sentir que que pode ser minha”. O objectivo é que as pessoas sintam que possam viver nelas!

As casas da Home Lovers parecem sempre mais alegres e acolhedoras. Como conseguem este efeito tão apelativo?
Sim, de facto damos grande atenção à forma como as casas são exposta. As casas precisam de ter movimento, de estarem habitadas, vividas. A fotografia é muito importante e investimos nesta parte desde o início. Quando vamos fotografar uma casa temos um enorme cuidado com a luz e somos muito perfeccionistas. Tentamos mostrar o potencial de viver nelas. Mas sem esquecer que uma casa inclui as pessoas e a sua vida. Muitas vezes preferimos que a estante esteja desarrumada ou o sofá com mantas porque as casas com vida são mesmo assim!
O que acha que os portugueses precisam para se apaixonar por uma casa?
Bem, pela minha experiência as casas de banho e a cozinha são as divisões que mais pesam na escolha entre casas. Características como os tetos trabalhados ou as madeiras também se revelam na hora de decidir.
“E pela minha, basta a mulher apaixonar-se que já não há volta a dar!” [risos.] (Miguel Tilli)
Neste momento, existe uma tendência diferente para a escolha da casa, principalmente em Lisboa. É dada uma maior importância a espaços exteriores e varandas. A luz e a própria história e contexto da casa são factores que pesam mais. Quere-se cada vez mais viver a essência do local e evitar os arredores. As famílias preferem agora estar próximas das zonas históricas e culturais, dos jardins, do mercado local. Se calhar não se importam tanto de não ter lugar de garagem pois ganham com a proximidade à cidade.
A própria Home Lovers é também uma casa com muitos residentes. Como é esta equipa?
Acho que também somos uma casa feliz! [Risos.] A nossa equipa é muito familiar e tentamos que cada um se sinta bem, se sinta em casa. A multidisciplinaridade é fundamental e temos pessoas de áreas diversas. Todas partilhamos a mesma paixão por esta área e temos algumas pessoas que foram nossos clientes e agora são nossos colaboradores, o que é incrível! O facto de eu o Miguel sermos um casal tem alguns contrapontos mas traz dinamismo e coerência ao projecto.
Outro aspecto que nos caracteriza é que aprendemos muito com os clientes e estamos dispostos a ouvi-los. A criação do nosso site teve origem em alguns seguidores que nos diziam que seria mais fácil organizar a pesquisa se houvesse outro suporte para além da página do facebook. É importante estarmos em sintonia e dispostos a mudar.
A sociedade portuguesa, em geral, julga muito os fracassos enquanto noutras o fracasso é visto como um passo necessário para o sucesso. Como foi lidar com insucesso inicial?
O primeiro choque é complicado mas depois disso temos de reagir. Como tínhamos filhos e estávamos os dois na mesma situação, não tínhamos alternativa senão seguir em frente. E esta tentativa foi fundamental para perceber o que é que não funcionava no mercado. O insucesso serve para sabermos que o caminho não é por ali e que temos de mudar de direcção. A paixão e o interesse que temos por este ramo fez com que não desistíssemos e quando vimos que podia existir uma alternativa, neste caso o facebook, decidimos apostar. E acho que fizemos bem!
O que espera da Home Lovers daqui a 5 anos?
Acho que é muito importante estarmos a evoluir e nunca estagnar. É preciso fazer alterações e aprender com os erros. Daí ser difícil de saber o que espero daqui a alguns anos. Sei de certeza que vamos continuar apaixonados pelas casas e com a mesma vontade de a partilhar.
Existe uma ideia de crescimento com os clientes que já experienciámos e que queremos manter. Desde os jovens que procuram a primeira casa para partilhar, depois a casa para viver com os namorados, o aparecimento dos filhos a necessidade de uma casa maior… A vida do cliente cresce com as casas e nós queremos continuar a fazer parte disso!

Fotos: DR