
A Inocrowd corresponde a uma Startup com vista a estabelecer uma relação direta entre o mundo académico ou de alguém que tenha uma solução – Solver – e o mundo empresarial – Seeker. Procurando diminuir o GAP / distanciamento existente entre ambos.
Soraya Gadit é uma das fundadoras da Inocrowd, que surgiu a 20 de janeiro de 2011. Soraya é formada em Ciências Farmacêuticas na FFUL (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa) e tem um MBA em Finanças e Gestão da AESE acabando, neste projeto, por ser a CEO da InoCrowd. Os outros dois fundadores são Mário Lavado licenciado em Engenharia Física e Materiais e João Moita licenciado em Tecnologias de Informação.
Uma mulher à frente duma empresa tem de ser 300% (trezentos por cento) melhor que um homem para demonstrar que realmente é eficaz.
De que modo três pessoas de áreas tão dispares acabam por enveredar num negócio deste tamanho em Portugal? Quais os elementos de união entre os fundadores?
Embora sejamos de facto de áreas muito diferentes, encontrámo-nos num MBA em Finanças e Gestão na AESE. De grosso modo no decorrer do MBA tivemos de fazer uma cadeira, Naves (Novas Aventuras Empresariais) que culminou no desenvolvimento da Inocrowd.
De onde surgiu a ideia geral de atuação da Inocrowd?
A InoCrowd surge da observação da existência de um “gap” entre as Universidades (Mundo Académico) e o Mundo Empresarial e da constatação de que o WEB 2.0 poderia ligar estes dois mundos. Assim criámos uma plataforma Web 2.0 a www.inocrowd.com de forma a facilitar esta ligação.
Uma das frases marcantes das suas apresentações da Inocrowd foi, a meu ver, “Queremos por Portugal a inovar melhor”. Neste mesmo sentido poderia falar um pouco mais das forças que vos motivaram a avançar com a Inocrowd, num ano em que os efeitos da crise eram bastante difíceis em Portugal.
Exatamente por estarmos em crise é que a criação da InoCrowd fez tanto sentido. A única forma de sairmos da crise é inovarmos e para isso é necessário criarmos um ecossistema e ambiente favorável a isso, aproximando as universidades, onde está grande parte do conhecimento, a empresas.
Inocrowd em 2011 tinha em vista expansão da mesma para o estrangeiro numa ótica de Crowdsourcing (plataforma tecnológica que permite o trabalhador exercer a sua função em qualquer espaço geográfico). Este objetivo verificou-se possível?
De facto era e é, do nosso interesse, projetar a Inocrowd além-fronteiras, como também já tivemos oportunidade de o fazer. Fizemos, por exemplo, uma parceria com o Chile, no entanto, o que a experiência permitiu constatar é que evidentemente a questão de proximidade cultural é fulcral no que toca à implementação do Crowdsourcing.
Neste mesmo sentido, que países lhe parecem mais favoráveis à realização da extensão desta plataforma?
Neste momento estamos à procura de sócios nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), essencialmente, atendendo que existe uma maior proximidade em termos culturais, sendo também o fator linguístico determinante no sucesso desta relação.
De que modo caracteriza a evolução entre 2011-215 (parceiros; taxa de sucesso; etc.)?
Neste momento temos uma taxa de sucesso de 95% (noventa e cinco por cento), conseguimos arranjar soluções num período entre as quatro e seis semanas. Esta evolução também é acompanhada por um aumento de número de Solvers (pessoas que têm uma solução). Conseguimos alcançar já perto de 350.000.000,00 pessoas em todo o mundo.
Quais as grandes vitórias alcançadas pela Inocrowd no mesmo período?
Sem dúvida que conseguirmos soluções inovadoras, por exemplo, para empresas como a Autoeuropa do Grupo Volkswagen, foi uma das grandes vitórias da InoCrowd. A InoCrowd conseguiu no espaço de seis semanas encontrar uma solução que permite a não destruição de seis carros por ano. Isto vai levar a uma redução de milhares de euros por ano no grupo todo da Volksawagen.

Para finalizar e seguindo uma linha bastante oposta, resta-me fazer referência à recente data celebrada, o dia da mulher, sendo que se constatou que atualmente existe ainda uma baixíssima representatividade feminina em cargos de decisão/ liderança. Queria questionar-lhe se, na sua vida laboral, já se sentiu prejudicada e/ ou beneficiada por questões de género. Se sim, qual o conselho que dá às mulheres no sentido de como lidar com a situação, numa última questão e mensagem.
Sim, já infelizmente. Vivemos ainda num mundo de homens quando se fala em negócios. Uma mulher à frente duma empresa tem de ser 300% (trezentos por cento) melhor que um homem para demonstrar que realmente é eficaz. Portanto o conselho que dou é trabalhar, trabalhar e trabalhar! Só assim Eles se convencem que o Mundo dos negócios não é só para os homens. Não existe mais nada a fazer e a dizer… Só com trabalho produtivo e eficaz se consegue demonstrar que, nós mulheres, não somos diferentes dos homens, em determinadas coisas até somos melhores.
fotos: DR