Medicamento português demonstrou ser eficaz no combate ao cancro

moleculaO ensaio clínico de prova de conceito do primeiro medicamento oncológico português acaba de revelar resultados muito promissores no tratamento do cancro avançado da cabeça e do pescoço. 

“Nesta fase, o medicamento investigacional provou ser seguro, bem tolerado pelos doentes e eficaz no tratamento do cancro avançado da cabeça e pescoço”, revela Lúcio Lara Santos, oncologista cirúrgico do IPO-Porto. “A terapêutica fotodinâmica com Redaporfin demonstrou uma redução significativa do tecido tumoral, na área irradiada. Nos doentes tratados com uma dose única de 0.75mg/kg, a dose eficaz, os efeitos secundários observados foram controlados com medidas terapêuticas simples e, assim, não foram relevantes ”, acrescenta o oncologista.

A Terapia Fotodinâmica é uma técnica extremamente promissora no tratamento do cancro. Consiste na administração de um composto sensível à luz (fotossensibilizador), seguida da sua fotoativação apenas no local onde se deseja verificar o seu efeito, isto é o tumor. A fotoativação é feita através de uma luz laser que tem um comprimento de onda que é específico para o composto. Após a sua ativação, onde se pretende que atue, as células do tumor são destruídas. Os efeitos adversos no restante organismo são mínimos, o que é uma enorme vantagem em relação a muitos outros tratamentos do cancro.

Os resultados permitem prever que esta terapêutica será muito útil no tratamento dos tumores da cabeça e pescoço, associados ou não a outros medicamentos anti-oncológicos, seja a quimioterapia ou os novos medicamentos como a imuno-oncologia, e ainda nos tumores resistentes às terapêuticas comuns.

O Redaporfin é desenvolvido pela Luzitin, uma empresa farmacêutica portuguesa focada na investigação e no desenvolvimento de compostos inovadores para a Terapia Fotodinâmica e Fotodiagnóstico do cancro e outras doenças, assim contribuindo para o bem-estar do ser humano. Fundada em 2010, a Luzitin surge de uma parceria entre a Universidade de Coimbra e a Bluepharma Indústria Farmacêutica.

O medicamento passou uma das fases mais arriscadas do seu desenvolvimento, a entrada no homem, e a regressão do tumor, verificada na sequência do tratamento, abre o leque de opções terapêuticas dos doentes que já estavam em fase de cuidados paliativos. Os resultados parecem ainda demonstrar que esta terapêutica pode vir a ser favorável no tratamento de outros tumores sólidos, o que representa um avanço enorme para o nosso país e uma nova esperança para milhares de doentes – Sérgio Simões, presidente da Luzitin

Os próximos passos do desenvolvimento da Redaporfin envolvem a realização de um ensaio clinico pivotal, em Colangiocarcinoma, um tipo raro de cancro, geralmente diagnosticado numa fase muito tardia da doença, com um prognóstico muito reservado e que tem vindo a aumentar em Portugal e no mundo.

Na sequência deste novo ensaio clinico, em 2021, poderá ser possível falar numa submissão de pedido de autorização de introdução ao mercado, à EMA (Agência Europeia de Medicamentos), e obter a respetiva aprovação do medicamento Redaporfin para a sua comercialização na Europa.

Fonte: Bluepharma
Foto: DR