Judo – Mariana Esteves em entrevista

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Mariana Esteves tem 19 anos, estuda Ciências do Desporto e pratica Judo..  A atleta lusa conquistou, a 25 de Julho,  a medalha de ouro da Taça da Europa na categoria de -52kg, na prova disputada em Praga.  Foi uma final discutida em português uma vez que no tatâmi estiveram frente a frente Mariana e a atleta brasileira Jessica Lima . Mariana neste combate obteve a vitória por ippon.

Desportista nata e uma esperança do Judo nacional, Mariana tem como referências, na modalidade, Telma Monteiro,  Joana Ramos  e Ana Cachola

A Excelência Portugal quis conhecer melhor a atleta e aqui fica a entrevista

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Nome: Mariana Esteves

Data de nascimento: 02-04-1996

Naturalidade: Lsboa

Clube: Oficinas de São José

Formação académica: 1º ano do curso Ciências do Desporto

Tempo de Judo: 14 anos

Melhor classificaçação  nacional: Campeã Nacional de Cadetes (2 vezes); Campeã Nacional de Juniores (2 vezes) 1º Lugar nos Masters de Seniores em 2014; 3º lugar no Campeonato Nacional de Seniores de 2014

Melhor classificaçação europeia: 7º Lugar no Campeonato Europeu de Cadetes de 2012; 9º lugar no Campeonato Europeu de Juniores de 2014; 1º lugar nas European Cup Juniores de Coimbra, Corunha e Praga em 2015

Melhor classificaçação mundial: 9º Lugar nos Campeonatos mundial de Juniores de 2014 marianaesteves8

A dita “sociedade civil”, em Portugal, não tem estado disponível para participar em projectos desportivos de alto rendimento que não lhe dê visibilidade imediata

 

- Com que idade começaste a praticar Judo? Foi o teu primeiro desporto?

Começei a praticar Judo com 5 anos de idade nas actividades extra curriculares do meu colégio. Na altura já praticava natação, equitação e também ballet.

- No atletismo conseguiste obter bons resultados? O que te fez abandonar?

No meu ponto de vista, considero que foram bons resultados visto que quase sempre ficava no top 10. Mas em termos dos tempos que obtinha não eram nada do outro mundo.  O Judo!  Tive que optar entre as duas modalidades desportivas para poder estar ao nível que ambiciono. Era impossível estar a esse nível nas duas. Ao deixar o Atletismo fiquei com a disponibilidade para treinar Judo. Era uma ou outra. Tive que fazer opções.

- Quem são as tuas judocas portuguesas de referência?

As minhas judocas portuguesas de referência são a Telma Monteiro, a Joana Ramos e a Ana Cachola. Poderia dizer que são as seniores de elite e que estão na luta pelos Jogos Olímpicos de 2016 por serem um exemplo de trabalho e dedicação.

- Como conjugas a alta-competição com a licenciatura ?

Não é fácil mas quem corre por gosto não cansa! Para poder treinar duas vezes por dia tenho que prescindir de algumas aulas. E com provas e estágios internacionais acabo também por perder algumas semanas de aulas. A minha sorte é ter colegas que me ajudam a acompanhar a matéria.

É preciso uma grande força de vontade e ter tudo muito bem planeado: treinos, aulas, descansar e ainda ter tempo para estudar.

-  Como vês o Judo, nomeadamente o feminino, em Portugal? Achas que há mais visibilidade graças a atletas como a Telma Monteiro?

Em Portugal, não há uma mentalidade desportiva aberta. O desporto rei é o Futebol e todos os outros são pequenos desportos. Aos poucos e poucos espero que isso se venha a alterar.

O Judo feminino tem crescido ao longo deste anos, não só nos Seniores como também nos Juniores. É verdade que a Telma Monteiro tem vindo a dar uma maior visibilidade ao Judo português, é rara a pessoa que nunca tenha ouvido o nome dela. É uma atleta de referência não só a nível nacional como também a nível internacional.

- Existem apoios suficientes? Já foste “assediada” por algum Clube grande?

Em termos de apoios e tendo em conta os resultados que temos obtido eu diria que não. A dita “sociedade civil”, em Portugal, não tem estado disponível para participar em projectos desportivos de alto rendimento que não lhe dê visibilidade imediata e desta forma fica-se totalmente dependente de financiamentos estatais. O Judo é um desporto que tem dado diversas medalhas a Portugal em todo o tipo de provas, mas isso não tem feito grande diferença. Situação caricata ocorre quando temos empresas portuguesas a patrocinar selecções de Judo não nacional. Eu entendo bem que as empresas tenham o seu projecto de comunicação próprio e que não entendam o Judo nacional como veículo que lhes permita atingir os seus fins mas que isto custa custa!. Temos todos de ser capazes de demonstrar que o Judo nacional é um bom veículo para as empresas pois o Judo é muito mais que um desporto. É uma forma de estar na vida. Outro exemplo já referido na comunicação social é o local do treino federativo.

Acresce ainda que embora estejam legisladas, as condições de apoio aos atletas de alto rendimento, até em instituições do próprio Estado esta legislação não é cumprida criando dificuldades gigantes em termos do ensino publico universitário só transpostas pela enorme força de vontade dos próprios atletas.  Não é o meu caso mas de outros companheiros de selecção aos quais só posso dar os meus parabéns.

Considero que no Judo o conceito de “Clube grande”, que transita de outras modalidades, não se aplica.. Condições de treino há em muitas instituições e nesta modalidade embora individual todos os resultados obtidos decorrem de uma conjunção de factores, a saber, treinadores+ companheiros de clube e de treino+condições de treino+apoio médico+coordenação com a estrutura familiar que vai muito além do conceito de “Clube grande”.

- A final foi discutida em português com a atleta brasileira Jessica Lima. Teve um significado especial?

Posso dizer que sim. O Brasil é um país que dá muito valor ao desporto e o Judo é um deles. Tem inúmeros apoios e tem atletas muito fortes, tanto masculinos como femininos, tanto juniores como seniores. Dá um especial significado disputar a final com a campeã pan-americana e conseguir a medalha de ouro.

- Quais são as tuas expectativas para este ano?

Até ao final deste ano, as minhas prioridades são o Campeonato de Europa e o Campeonato do Mundo. No ano passado classifiquei-me em 9º lugar em ambos e gostaria de melhorar estes resultados.

 

Fotos: DR