Ricardo Diniz – Ricardo-terra e Ricardo-mar (entrevista)

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Foi de facto uma entrevista, fui preparada para uma, mas no fundo o que tive foi uma conversa com o Ricardo, em que ele se deu a conhecer de uma forma tão sincera e brutal e em condições tão tranquilas que o título deveria ser “Em conversa com o Ricardo”. Depois de uma viagem de bicicleta e cacilheiro, chegou ao Terreiro do Paço, um dos seus sítios preferidos em Lisboa, mas nem fomos para nenhuma esplanada, caminhámos mais um pouco e escolhemos uma sombra no renovado Cais das Naus – por esta altura já ele me tinha pedido para esquecer formalidades e tratá-lo por tu – coisa que eu só consegui no final, já estava programada para a terceira pessoa. Decidi retratar esta conversa da forma mais fiel possível, tive de encurtá-la infelizmente, mas espero que quem quer que a leia consiga ter uma imagem minimamente aproximada da pessoa que é o Ricardo, não só do seu percurso e dos mil e um projetos em que está envolvido, mas da sua essência. 10305421_10152768681667506_2101443487589819909_n

Olá Ricardo, em primeiro lugar queria-lhe agradecer a sua disponibilidade para esta entrevista, pois calculo que o Ricardo-terra seja uma pessoa bastante ocupada, no meio de todos os projetos dos quais faz parte e na preparação e busca de patrocínios e apoios para as viagens do Ricardo-mar. Encontrei esta dualidade sua característica numa entrevista passada e achei-a curiosa, ainda vamos falar sobre isso melhor.

Mas agora, vamos começar talvez por falar sobre o seu percurso inicial até à decisão de se tornar um velejador solitário sempre com o intuito de “comunicar portugalidade”. O Ricardo aos 8 anos foi viver para Inglaterra, foram as saudades que o levaram a reconhecer tanto valor em Portugal?

Então antes de mais, e já que estamos a gravar, muito obrigada pelo convite, e parabéns pelo trabalho de casa, surpreendeste-me, porque essa coisa do Ricardo-mar e do Ricardo-terra, não faço ideia onde é que a encontraste mas são palavras minhas e é verdade, é mesmo assim.

Fui para Inglaterra com 5 anos, no entanto aos 8 foi o momento em que decidi o que fazer da vida. Portanto, crescer fora de Portugal, a primeira escola ser fora de Portugal, a primeira língua que eu aprendo a sério não ser a minha, mas sendo português e tendo cá a minha família, gerou em mim uma eterna saudade que ainda hoje com 38 anos não se vai embora. É uma eterna saudade, eu estou em Lisboa e sinto-me turista em Lisboa, vinha agora no cacilheiro a tirar fotografias feito turista e um casal atrás de mim comentou “epá, os turistas adoram a nossa terra, já viste?” não sabia ele que eu não sou turista coisa nenhuma, sou português e estou cá e é aqui que eu moro, é aqui que eu passo a maior parte do tempo, mas já mudei de casa 20 vezes, já vivi em não sei quantos países, e isso dá-me aquela vontade imensa de continuar a falar do meu país e divulgar as coisas boas que temos…

Passemos ao relato de uma grande adversidade pela qual o Ricardo passou, quando bateu num contentor, tendo destruído o veleiro que demorara 4 anos a montar, e tendo ficado a nadar em alto mar durante 24 horas…como lidou com a situação?

O barco representava muito coisa. A minha primeira carta para conseguir patrocinadores foi em outubro de 96, o barco demorou um ano a construir mas eu demorei cinco anos a chegar àquele momento em que parti de Lisboa à vela, sozinho, rumo ao Brasil, que era esse o projeto que estava a tentar concretizar. 24 de novembro de 2001, foi quando saí do Tejo. Tinha batalhado muito, tinha passado por muitas dificuldades, tinha abdicado de tudo para concretizar os meus projetos, enquanto que na universidade ia tudo para os copos, e os meus amigos só queriam miúdas e cerveja, eu não tinha tempo nem para uma coisa nem para outra, estava focado nos meus projetos, tão focado que o curso era aquela coisa que me interrompia o dia de trabalho, por isso desisti do curso – foi das primeiras grandes decisões da minha vida.

Quando bati no contentor, perdi isso tudo, senti eu que tinha perdido esses cinco anos de trabalho, que tinha desonrado o investimento dos patrocinadores e o investimento da equipa que construiu o barco. Fiquei muito triste, muito em baixo, não consegui compreender a injustiça…e o que aconteceu em terra foi muito pior do que o que me aconteceu em mar. Estive no mar 26 horas à deriva, a ver o barco destruído, a meter água, já não navegava, e isso foi muito muito duro para mim, mas chegar a terra e não ter barco e não saber o que dizer aos patrocinadores e sentir que algumas pessoas não entendiam o esforço e gozavam e criticavam…custou-me a ultrapassar.

Hoje em dia já conta com quantas milhas navegadas? (Equivalente a…?)

Cerca de 100 000 milhas, é o equivalente a 3 voltas ao mundo. No meio disso já fui daqui a Inglaterra e voltei talvez 30 vezes, já fiz 5 travessias do Atlântico, fiz muitas viagens entre Caraíbas e os EUA…uma série de viagens.

Como é a rotina numa grande viagem? O que é que tem de ir fazendo ao longo do percurso, como entretém os pensamentos, como dorme…? (Terei lido bem quando disse que não dorme mais do que 15 minutos seguidos?)

Leste bem, não dá para dormir mais do que isso. Quanto mais perto de terra estiver, quanto mais rápido o barco estiver, menos eu posso dormir. Tem a ver com as colisões, com os outros navios e embarcações, barcos de pesca, redes, atividades junto à costa…O barco é um instrumento extremamente exigente, imagina uma Marta Pereira da Costa, que é uma jovem portuguesa que toca guitarra portuguesa, ou um António Chainho, mais conhecido e experiente, a tocarem uma guitarra desafinada, não conseguem aguentar aquilo nem dez segundos. Param, afinam, e voltam a tocar. Eu sou igual no barco, sou muito exigente, o barco tem de estar feliz, tem de estar afinado, as velas têm de estar a sentir bem o vento para que o barco vá a navegar da forma mais eficiente possível. Tu a dormires dez minutos muda um bocadinho a intensidade do vento, ou o ângulo do vento, ou aparece um navio, tu não podes permitir que uma destas três coisas aconteça sem a tua intervenção imediata. Quando o barco está bem eu estou bem e tento sempre estar focado no bem-estar geral a bordo, seja meu seja o da gatinha.

(risos) Como é que se chama a gatinha que o acompanha?

A que fez a última viagem comigo chama-se Vitória, e a anterior a essa foi a Soneca Maria (risos). Gosto sempre de levar um animal comigo para o mar. No total durmo cerca de 4 horas em cada 24, todos os dias durante o tempo que for preciso para chegar ao outro lado. É mais fácil do que possas pensar, imagina que vais num comboio, sei que já não andas de transportes públicos desde que tens a carta (risos), mas imagina que vais no comboio, dormes um bocadinho, não acordas quinze minutos depois fresquinha que nem uma alface? Até parece que dormiste uma noite inteira enquanto passaste pelas brasas! Eu faço isto muitas vezes, estou sempre a acordar cheio de energia fresca. Portanto aguento, não tenho outro remédio senão aguentar.

A rotina a bordo, passa muito por navegar, ver a meteorologia, afinar as velas, comunicar com outros navios, atualizar o site e redes sociais, dar entrevistas em direto e por satélite, ou responder a e-mails, gosto muito de ler – leio três livros por semana no mar, não consigo nem isso por ano em terra -, escrevo, canto, adoro música – tenho um leitor de cassetes, do tempo em que nasceste (risos). É tão bom ter vinte anos…e aquela sensação de “depois quando for mais velho vou tratar disso…” esquece, começa já a tratar disso, começa já a bombar, o relógio está sempre a contar, e o tempo passa muito rápido, ataca, ataca já, controla já, agarra já o touro pelos cornos…

(dissertação sobre a palermice que são as touradas, “com todo o respeito pela tradição e pelas famílias”)

E o tempo também passa rápido no mar?

Não, não, nada! No mar, que caraças pá, como eu durmo tão pouco, os dias duram o triplo!

Em terra, quantas vezes é que tu não ouves, “olha, queres ir beber um copo ao pôr-do-sol?”, então e o pôr da lua? “epá, hoje vi o nascer do sol”, então e o nascer da lua?

Eu no mar vejo o sol a pôr e a lua a nascer no horizonte, grande e vermelhona muitas vezes, parece um sol a nascer, depois é que vai ficando mais branquinha quando sobe. Vejo a lua a passar, vejo todas as horas a passar, lentamente. O tempo deixa de ser relevante, passas a usufruir porque tens tempo para parar….

(passa um vendedor ambulante com água fresca para vender, e o Ricardo pergunta-me se quero água, eu digo que não, e ele devolve ao senhor: “se fosse um magnum amêndoas ainda ia!”)

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 preciso da transição do Ricardo-terra que se tem de reencontrar com o Ricardo-mar

Voltemos à dualidade, acha que consegue assim à pressão elaborar uma comparação entre o Ricardo-mar e o Ricardo-terra? A diferença principal não se deverá ao ritmo cada vez mais alucinante que a vida (em terra) leva em contraste com a calma e isolamento sentidos no mar? Já falámos um bocado sobre isto, com os dias que demoram o triplo…

É uma boa pergunta e faz sentido. Deixa-me explicar uma coisa, eu quando vou para o mar, o compromisso necessário, a entrega, os níveis de fé, são os mesmos de há 500 anos atrás, logo o respeito, a humildade e a fé também são os mesmos. E quem me diz que não acredita em nada…eu já vi pessoas com a mania de que não acreditam em nada e quando chegam ao mar até sabem o Pai-Nosso de cor e salteado, no mar rapidamente percebem que estamos aqui todos por alguma razão, e que isto tudo foi criado por alguém e que estamos todos conectados.

Portanto eu quando estou em terra, eu não consigo no meu estado normal, rodeado de ar condicionado, esplanadas, água fresquinha, um gelado no congelador se for preciso, eu não consigo ir para o mar com esta mania de que está tudo bem, de que faço assim (estalar de dedos) e muda a estação de rádio e faço assim (novamente estalar de dedos) e aqueço ou arrefeço o ambiente em que eu estou. No mar, estás disposta ao que o mar te dá, ao que a natureza te dá, está frio, tens frio, está calor, tens calor, tens medo…eu tenho medo sempre, tenho mais ou tenho menos, mas tenho sempre medo, e tenho de saber controlar esse medo. Se tu me pusesses num helicóptero neste momento no meio do mar, sofria muito, eu preciso da adaptação, preciso da transição do Ricardo-terra que se tem de reencontrar com o Ricardo-mar, porque o Ricardo-mar nunca deixa de lá estar. O que eu sinto é que há um gajo no mar neste preciso momento que percebe muito daquilo, e que está muito feliz lá, e eu aqui, eu quero é estar sossegado, na minha pequena quinta, com os meus gatos – tenho dez – com os meus filhos, com a minha família…não tenho televisão há anos, tenho uma telefonia muito antiga, um rádio com mais de cinquenta anos em madeira, acordo ligo logo aquilo de manhã, vou cuidar da minha horta, dos meus legumes…eu quero é estar sossegado. Trabalho a partir de casa, faço reuniões em hotéis e esplanadas, já larguei a loucura de ter uma empresa em Lisboa e de ter um escritório, há cinco anos atrás simplifiquei. Aprendi isso com o mar, há essa ligação, sim.

Mas há claramente um gajo no mar que tem uma capacidade de luta e de superação de coisas muito difíceis que eu não faço ideia como é que ele consegue, e essa pessoa é o Ricardo-mar. Eu em terra, às vezes, principalmente à noite, quando me vou deitar, na minha cama que está quentinha, que não mexe, que não está encharcada de água salgada, e não me estou a sentir nem com medo nem enjoado, nem preocupado, e penso “aquele gajo que anda lá no mar, como é que ele faz aquilo?”. E há um momento doloroso mas essencial que é o momento em que o Ricardo-terra se despede da família, amigos, patrocinadores e imprensa, meto-me naquele barco, ainda como Ricardo-terra, largo as amarras, os barcos que me acompanham na despedida começam a voltar para trás, um a um, há um momento em que é só um, e esse um tem alguma timidez em voltar para trás porque sente algum sentimento de culpa de “bem, quando eu me virar, sou o último ser humano que ele vai ver, e será que eu sou a última pessoa que ele vai ver?”, eu sei que há esse diálogo sem ninguém dizer nada, e o barco voltou para trás, estou sozinho, e passado algumas horas estou 100% sozinho e já não vejo terra, e continuo a ser o Ricardo-terra, desesperadamente à procura do Ricardo-mar, que hoje felizmente encaixa nas primeiras 24 horas, mas chegou a demorar 10 dias, no início, quando eu ainda não percebia muito do assunto, chorava baba e ranho, enjoava que nem uma pescada… desde as idas e vindas de Inglaterra em miúdo, quando lá vivia, com o meu pai lá e a minha mãe cá que eu tenho um big deal brutal com as despedidas, e transportei isso para a minha idade adulta, para as despedidas de quando vou para o mar. Resolvi isso com uma psicóloga de desporto chamada Ana Ramirez, que é uma máquina e uma pessoa muito importante na minha vida.

Pode agora falar um pouco sobre os projetos paralelos às suas viagens? Temos o “Made in Portugal” e uma empresa de consultoria de imagem, a “Delfinus”, correto? Para além disso, o Ricardo é Co-Fundador e Presidente do Portugal Ocean Race e ainda Embaixador Europeu para os Oceanos, nomeado pela Comissão Europeia.

Como te disse há pouco comecei a trabalhar muito cedo, por gosto, por identificar oportunidades e não por necessidade. Felizmente nunca me faltou nada, embora tenhamos simplificado muito em certas fases. Dou-te um exemplo concreto, passava férias em Vilamoura, e enquanto os meus amigos queriam praia e gelados na marina e discotecas, eu não tinha muita pachorra para isso, via que os carros do aldeamento estavam sujos por causa da poeira, e com a mangueira que se usava para a rega dos jardins, com o Sonasol lá de casa e com a esfregona ia lavar os carros. Eu cheguei ao ponto de ter tantos carros para lavar no aldeamento, que comecei a contratar os filhos dos donos dos carros para lavarem os carros aos próprios pais mas era eu que lhes pagava com o dinheiro que os pais me davam a mim. Isto parece parvo mas os putos ficavam todos felizes. E eu fazia isto com 15/16 anos, sempre quis rentabilizar o tempo e ser útil.

O conceito do Made In Portugal nasceu, promover produtos feitos em Portugal, e com o objetivo de construir barcos em Portugal e dinamizar a indústria náutica e os estaleiros. Isso evoluiu, hoje em dia tenho uma empresa que se chama Papillon, que faz a gestão e a manutenção de barcos, nomeadamente super-iates.

Eu sem querer criei uma agência de comunicação, e believe it or not, tive essa empresa 14 anos. Os meus projetos enquanto navegador solitário no fundo funcionaram como uma incubadora para jovens talentos, fotógrafos, programadores, designers…todos eles estavam a servir os meus projetos, fazíamos sites e logótipos para os meus projetos, até que eu percebi que para aquele modelo de negócio fazia sentido termos mais clientes: se éramos tão bons com os meus projetos, então podíamos ter outras coisas, e começámos a fazer sites e logótipos para os nossos patrocinadores, e crescemos, até ter clientes em várias partes do planeta. Foi um projeto muito giro, muito inesperado, que justificou ter um escritório no Saldanha, mas que mais tarde vendi.

Faço palestras, tenho o meu livro, faço workshops de formação e essencialmente continuo a trabalhar para ajudar pessoas e empresas a atingir objetivos. Sou empreendedor, navegador solitário, autor, coach. Enquanto coach, tive também de simplificar, há dois, três anos cheguei a trabalhar com mais de 400 pessoas a nível mundial, neste momento tenho cerca de 100 pessoas em tratamento on-going, sendo que o contacto regular quase diário é quase com 30. Eu não tenho formação enquanto coach, sou um “accidental life coach” como costumo dizer.

Em relação à Política do Mar, temos das maiores Zonas Económicas Exclusivas da Europa, concorda que Portugal está finalmente a tirar partido da sua localização e geografia estratégicas e se está a voltar novamente para o mar? Que medidas aconselha para acelerar este processo de reconciliação com o Mar?

Eu acho… que já posso morrer tranquilo. Ou seja, se eu agora cair para o lado, já morro em paz, porque este sentimento de missão que eu tenho que me leva a ir para o mar, tem sido precisamente para que Portugal esteja como já está. Em 98 tivemos um kick off com a Expo, a coisa abrandou um bocadinho, mas de repente começa a surgir uma nova geração, que inspira os mais velhos, que exige aos mais velhos, e nos mais velhos surgem pessoas como o Tiago Pitta e Cunha, advisor do Governo, entre muitas outras pessoas que já conseguem trabalhar em equipa para que isto tudo comece a funcionar, e começo a ver exemplos em vários níveis, nomeadamente a capa da última Exame é dedicada ao mar, a negócios do mar, e quem está de facto a puxar pelo mar. Há muito trabalho a fazer, os estaleiros de Portugal não são conhecidos no mundo como deveriam ser, a pesca em Portugal ainda não está como deveria voltar a estar e melhor, mas estamos no bom caminho. O surf é cool, é um negócio, é patrocinável por grandes marcas multinacionais. Está tudo a aquecer, estamos no bom caminho, e acho que todos temos feito por isso, eu contribuí com pequenas gotas no oceano. Quando circunnaveguei a ZEE de Portugal – foi a expedição Mare Nostrum – foi a realização de um sonho, demorei 8 anos a concretizá-lo, mas demorei 8 anos porque eu tinha os norugueses a quererem-me patrocinar, tinha os belgas também, os ingleses, os japoneses, e eu disse não, não, não, este projeto tem de ser português, com empresas portuguesas e de preferência com um barco meu e português. Esperei mas quando arranquei do Tejo arranquei com um barco meu, português, que deu trabalho a 312 pessoas e demorou 100 dias a remodelar, tive 24 dias sozinho no mar, sempre o mais fiel possível em cima da linha da ZEE e concretizámos um projeto que nunca tinha sido feito, nunca ninguém à vela circunnavegou ZEE nenhuma, muito menos a portuguesa, e foi para mostrar que Portugal é mar, e tu hoje vês em todas as escolas do país um mapa lindíssimo a dizer que Portugal também é mar, e que mostra aos miúdos que Portugal não é um retângulo vertical, mas é um retângulo vertical mais ilhas mais uma mancha imensa que é mar que pertence a Portugal e que tem de ser trabalhado e que vai ser um dos grandes contribuidores para o PIB português. Deixa-me com imenso orgulho ver que estamos todos a puxar pelo mesmo e que isto vai lá, estamos no muito bom caminho, felizmente, finalmente.

Por fim, para quando uma volta ao mundo? Sei que está nos seus planos.

Olha volta ao mundo foi um desejo que eu tive com oito anos, e a vontade e o desejo que eu tive de a fazer foi algo tão grande que ainda hoje o sonho comanda a vida. Tudo o que atingi e as decisões que tomei na minha vida foram por causa da volta ao mundo, que curiosamente ainda não fiz. Hoje em dia não tenho essa pressa, não tenho essa imensa vontade que faz o meu mundo andar para a frente. Mas uma coisa te posso dizer, se um dia fizer a volta ao mundo, será muito ligada às comunidades portuguesas, muito ligada a algo que tenha a ver com a promoção das nossas empresas e da nossa cultura, terá a ver com Portugal no mundo e unir quem fala português, reforçando que Portugal tem uma diáspora fabulosa, temos 5.5 milhões de portugueses  a viver fora de Portugal, e temos muito a fazer com isso, temos de reforçar os laços com Angola, Moçambique, Guiné, S. Tomé, Brasil, Macau, Goa… Eu hoje em dia não vou por pressas nem calendários, vou por feelings, e amanhã de manhã se acordar com o feeling que é agora que eu tenho de fazer a volta ao mundo, amanhã de manhã começo a trabalhar nessa expedição para fazer a volta ao mundo, e não vai ser nem num ano nem dois, vai ser em pelo menos quatro. Mas as minhas prioridades neste momento são outras, tenho filhos, tenho outros projetos que quero atingir em terra. Quando tiver de fazer, se tiver de fazer, será.

Agora tiramos uma selfie?

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Fotos: DR