Rita Vilaça em entrevista

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Rita Vilaça é uma das nossas jovens tenistas que mais se tem destacado. Aos 21 anos, a atleta bracarense conjuga a alta competição com a frequência do 4.º ano da licenciatura em Criminologia da Faculdade de Direito da Universidade do Porto. e de um estágio curricular no Observatório de Economia e Gestão de Fraude sediado na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

A atleta tem participado em vários torneios internacionais com vista ao incremento do seu nível competitivo e progressão no ranking internacional. Em 2014, Rita Vilaça participou em três torneios no Brasil, dois na Croácia, dois em Espanha, um na Tunísia e três torneios em Portugal. Nestes últimos inclui-se o Portugal Open. Este ano, a tenista bracarense sagrou-se
campeã nacional de pares femininos e de pares mistos no campeonato nacional absoluto de séniores.

A EXCELÊNCIA PORTUGAL quis saber mais e entrevistou a atleta.

3ball_small- Com que idade ingressaste no ténis?

R: Com 8 anos. Os meus pais procuraram que eu praticasse uma modalidade desportiva – e entre a natação e o ténis, preferi o ténis.

- O facto de residires em Braga provocou algum constrangimento?

R: Sendo a minha cidade natal, sinto um carinho especial por todas as pessoas ao qual a associo e a todas as vivências que aí tive e tenho. No entanto, tenho consciência que o facto de residir numa cidade descentralizada limitou algum progresso na minha carreira desportiva. Nomeadamente o acesso a centros de treino, treinos com maior variedade de atletas, bem como a visibilidade para a aquisição de patrocínios.

- Como consegues conjugar uma atividade desportiva tão intensa com os estudos?

R: É um constante desafio conciliar o aumento das minhas qualificações académicas com a minha carreira desportiva. Estou ciente que ainda não atingi o nível que ambiciono em termos tenísticos pois não só optei por estudar como também já me encontro a realizar o estágio curricular no Observatório de Economia e Gestão de Fraude. Se falar parece fácil, na prática é muito mais difícil. Agilizo o horário académico com o horário desportivo e planeio antecipadamente as minhas ausências. Admito ser possível devido ao apoio familiar, bem como dos professores, treinadores, amigos e mesmo, apenas conhecidos, que obtenho a força e motivação necessárias. Atrevo-me a afirmar que apenas sou a estudante que sou pela atleta que existe em mim e vice-versa.

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- Já participaste no Portugal Open. Que importância tem este torneio para o ténis nacional?  Como sentiste a possibilidade da sua não realização?

R: Tive a oportunidade e gratificação de participar por diversas vezes no Portugal Open e como tal, não posso deixar de referir o prestígio e realização pessoal que o evento acarreta para os jogadores. Quer as atletas portuguesas que um dia participaram no evento, mas também, atletas que no futuro marcariam presença, com a não realização do Portugal Open, ver-se-ão na impossibilidade de participar num WTA e sem o torneio que mais motivação atribuí ao Ténis português.

- Como vês o ténis nacional atualmente e como vêm os atletas estrangeiros com quem te deparas?

R: O ténis nacional tem alcançado feitos importantes não só com o aparecimento de atletas Portugueses de referência internacional, como o caso do João Sousa, como também de profissionais deste desporto, por exemplo, de juiz árbitros e treinadores que são internacionalmente reconhecidos. Paralelamente a isto, nos últimos anos tem aumentado significativamente o número de torneios ITF realizados em Portugal. Este facto é percecionado não só pelos atletas portugueses, como pelos estrangeiros.

No entanto, realço que infelizmente isto verifica-se apenas na vertente masculina pois a vertente feminina tem tido uma tendência contrária. Isto prejudica praticantes da modalidade que não têm possibilidade de viajar para o estrangeiro e também não motiva as jogadoras que procuram começar ou introduzir-se neste meio. Não podendo competir em Portugal, temos que procurar essa oportunidade no estrangeiro o que, mais uma vez, acarreta custos e que na presença de um orçamento limitado, faz com que, o número de torneios que se possa jogar seja inferior e até mesmo reduzido.

- Qual o/a tenista nacional de todos os tempos que mais admiras?

R: Não posso deixar de referir o atleta nacional que mais tem evoluído nos últimos tempos, o João Sousa. Sem desprestigiar os diversos atletas nacionais que todos os anos têm levado o nome de Portugal além-fronteiras.

- Num país que quase só dá atenção ao futebol, tens conseguido patrocínios?

R: Não. Atualmente encontro-me numa fase onde a participação em torneios internacionais é imprescindível para que o meu nível competitivo consiga ser alavancado conjuntamente com o ranking internacional e que me proporcione alcançar resultados positivos. Para conseguir participar nestes torneios os encargos financeiros são avultados pelo que frequentemente realizo pedidos na expetativa que me possam de alguma forma patrocinar este tipo de iniciativa. O patrocínio pode ser através da aquisição de equipamento, vestuário, comparticipação nas deslocações e estadas, entre outros. Para ajudar à divulgação e visibilidade dos patrocinadores, em 2014, foi elaborada a minha página oficial: https://www.facebook.com/ritavilacaofficial

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- Singulares ou pares? ou ambos?

R: Singulares. No entanto, os jogos de pares, apesar de também serem uma forma de obter ritmo, são competições que trabalham outros aspetos do meu jogo, tais como os aspetos mentais, podendo posteriormente ser aplicados às competições de singulares. Assim, encaro estes jogos como um complemento, onde de alguma forma partilho o jogo com um parceiro dentro das quatro linhas o que é algo que não se encontra nos desportos individuais (vertente de singulares). A participação nos quadros de pares encontra-se associada à necessidade de colmatar algumas despesas, uma vez que, apesar de reduzido, o price money sempre ajuda.

- Este ano apostaste forte em torneios do circuito ITF. como avalias os resultados?

R: A aposta em torneios do circuito ITF tem sido realizada nos últimos anos. Em 2014, voltei a apostar neste circuito e foi positivo na medida que sinto que estou a ganhar mais confiança e a desempenhar cada vez melhor aquilo que tenho treinado. Não deixa de ser um processo evolutivo e que as próprias vitórias e derrotas são construtivas.

- Quais as tuas expectativas para 2015?

R: As minhas expetativas vão-se ajustando às minhas prestações nos torneios e também aos patrocínios que conseguir estabelecer no início deste ano, uma vez que o sucesso na obtenção de patrocínios permite a escolha dos torneios a participar.

 

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Fotos:
DR
Rita Vilaça

Agradecimentos:
Btennis.pt
Paulo Moroso
www.facebook.com/ritavilacaofficial