Rendas de bilros de Vila do Conde entraram para o livro de recordes mundiais do Guiness

 

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Os feitos portugueses também podem ter história. Aliás, muitos deles têm. E ao dizer isto, poderá pensar-se na história que já foi feita há anos atrás, nesses outros tempos, nesses outros séculos. Mas mesmo nos dias de hoje, história continua a ser feita.

Foi no dia 2 de Agosto que tudo se passou. As tradicionais rendas de bilros, de Vila do Conde, entraram para o livro de recordes mundiais, depois de ser apresentada uma peça gigante produzida por mais de uma centena de rendilheiras. O anúncio foi feito por Fortuna Burke, júri oficial do Guiness World Records, que medir e confirmou a autenticidade das rendas. A maior renda de bilros do mundo foi então içada bem alto, simbolicamente entre os mastros da nau quinhentista, atracada na zona histórica de Vila do Conde

Aliás, o acontecimento que se deu nesse dia estava a ser preparado já há 3 meses. A obra em si é considerada como “uma peça que vai unir gerações”, e a cerimónia homenageou todas as mulheres que, ao longo dos séculos, fizeram da renda o ex-libris da cidade. Ao todo a peça mede 53,262 metros quadrados e foi feita com 8 quilos de linha. Exibe um total de 437 quadrados de 30×30 centímetros, todos com cores e formas diferentes, feitos por 150 rendilheiras de todas as idades.

No momento do anúncio da entrada para o livro de recordes mundiais, Elisa Ferraz, presidente da Câmara Municipal – que há um ano, durante as comemorações do Dia da Rendilheira na Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde, desafiou as rendilheiras a produzir uma peça gigante – não escondeu a satisfação.

“Foi uma grande emoção que se viveu aqui. Além do recorde, temos de relevar esta história, este património extraordinário, e por isso prestamos aqui a maior homenagem às nossas rendilheiras”, sublinhou Elisa Ferraz. “ [Este reconhecimento] ultrapassará fronteiras e escreverá esta arte no mundo”.

Acrescenta ainda que é de relevar “o carinho enorme pelo trabalho destas mulheres, que foram buscar às rendas uma fonte de rendimento para fazer face às dificuldades económicas, e hoje preservam esta tradição”, e que “isto só é possível porque elas existem e continuam com muita vontade de fazer” renda. Ao mesmo tempo, Elisa Ferraz salientou a importância da certificação de origem, também conseguida este ano. “Agora com a certificação, estamos a dar passos importantes no sentido de uma modernização que também é necessária”.

Com este primeiro Guiness para o concelho, a presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde acredita que a cidade vai receber ainda mais turistas; “Os turistas têm todos os motivos para virem aqui, [ver] as nossas rendas mas também a tradição a nível da construção naval, a beleza da nossa terra, as nossas praias. Temos um património extraordinário” concluiu.

Os portugueses fizeram, de facto as suas marcas a nível global durante muito tempo, há muito tempo. Mas, ainda hoje temos a capacidade de o fazer. Aquilo que se passou em Vila do Conde é prova disso mesmo. Que todos aspiremos a fazer história, especialmente se estivermos a fazer aquilo que mais gostamos, como as rendilheiras dedicadas aos seus bilros.

Fontes: JN e Sol
Foto: ASF